AGRICULTURA
Produtos biológicos são utilizados para o controle de pragas no trigo
Os bioinsumos são a nova onda que movimenta a produção agropecuária no Brasil e também são usados para controle de pragas no trigo. O uso de “tecnologia viva” para produzir mais e melhor pode reduzir custos com menor impacto ambiental na produção de alimentos. O mercado de bioinsumos cresce rapidamente para o trigo, com opções tanto para o controle de pragas, quanto para aumentar a eficiência no uso de nutrientes.
Os bioinsumos são produtos à base de microrganismos vivos, como fungos, vírus e bactérias, capazes de desempenhar uma função benéfica para a produção agrícola ou pecuária. “O uso de bioinsumos nada mais é do que a pesquisa imitando a natureza. Nós observamos que um microrganismo ajuda a controlar uma doença ou promove o melhor desempenho da planta, então isolamos esse microrganismo em laboratório e multiplicamos em escala para utilizar na lavoura”, explica o pesquisador Anderson Ferreira, da Embrapa Trigo.
O bioinsumo mais conhecido no Brasil é o inoculante para a soja, onde bactérias fixam nitrogênio para as plantas, reduzindo o gasto com fertilizantes e aumentando a eficiência, que se traduz em maior produtividade na lavoura. Atualmente, são mais de 300 bioinsumos registrados para a cultura da soja.
No trigo, os principais bioinsumos são compostos a partir de uma bactérica que fixa nitrogênio e atua no desenvolvimento radicular da planta, reduzindo perdas em situações de estresse hídrico. Até 2019, eram 9 inoculantes registrados para a cultura do trigo, hoje são 19. Todos são à base de Azospirillum brasilense.
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Estudos conduzidos pela Embrapa Soja durante cinco anos, mostraram que, com o uso no trigo, a produtividade da lavoura aumentou entre 8 e 11%. A inoculação com Azospirillum é feita com a aplicação do produto sólido (como turfa) ou líquido nas sementes. No controle de pragas, também podem ser encontrados bioinsumos que podem ser utilizados no trigo para o manejo de lagartas, cigarrinhas e pulgões.
Cuidados na manipulação
De acordo com o pesquisador Anderson Ferreira, os bioinsumos apresentam algumas vantagens quando comparados aos agroquímicos, como o menor impacto ambiental e menor custo de produção. Contudo, ele lembra que o bioinsumo consiste na manipulação de organismos vivos, o que exige controle mais rígido nas etapas de produção, armazenamento e aplicação. Além das condições adequadas de nutrientes e temperatura, o processo de produção do inoculante necessita evitar a contaminação por outros microrganismos e estabelecer um padrão de concentração de células ao final do processo de multiplicação.
A via recomendada é que o produtor use bioinsumos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No entanto, há uma vertente de produtores que optam por produzi-los na fazenda: “A legislação brasileira permite que o produtor compre o inóculo e produza o bioinsumo para consumo na propriedade, desde que não reproduza marcas comerciais e não comercialize o bioinsumo”, orienta Ferreira, destacando que, muitas vezes, o desconhecimento do produtor pode resultar num bioinsumo sem microrganismos vivos ou, pior ainda, como carga excessiva de microrganismos, o que pode levar a impactos indesejados na lavoura.
Para o melhor resultado, a indicação de bioinsumos na produção agrícola está voltada ao uso preventivo, visando ao desenvolvimento das raízes, estímulo ao aumento da área foliar, tolerância ao déficit hídrico, melhor eficiência na absorção de nutrientes ou para reduzir problemas fitossanitários. “Depois que a praga ou doença está instalada na lavoura, é necessário o tratamento de choque com o defensivo químico. Mas vale lembrar que o bioinsumo é uma alternativa que pode evitar a resistência das plantas ao tratamento químico”, avalia o pesquisador.
Com Embrapa