Produtor de leite continua ganhando menos pelo litro vendido
#souagro| O preço do leite pago aos produtores em novembro registrou queda de 5,3%, ou seja, 15 centavos por litro em relação ao mês anterior, chegando a R$ 2,6967 o litro na “Média Brasil” líquida do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O principal motivo foi que o consumidor final continuou consumindo menos o produto, aumentando a pressão nos laticínios que compram o leite e afetando no que o produtor recebe.
Comparado ao mesmo período do ano passado, contudo, ainda se observa alta real de 17% (os valores foram deflacionados pelo IPCA de outubro/22). Esta foi a terceira queda mensal consecutiva ao produtor, e esse movimento está atrelado à demanda enfraquecida e à elevação da oferta.
O consumo de lácteos na ponta final da cadeia continuou retraído em outubro – o que aumentou a pressão exercida por agentes de canais de distribuição nas negociações com os laticínios por preços mais baixos. Para assegurar as vendas, as cotações recuaram, e a desvalorização dos derivados foi repassada ao preço do leite pago ao produtor.
Ao mesmo tempo, a oferta de leite cru aumentou no Sudeste e Centro-Oeste. Isso porque, sazonalmente, as chuvas elevam a disponibilidade de pastagens e, consequentemente, reduzem os gastos com alimentação animal e favorecem a produção. Com isso, a captação das empresas amostradas pelo Cepea em São Paulo, Minas Gerais e Goiás cresceu 6%, 1,9% e 1% de setembro para outubro, respectivamente.
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Contudo, é preciso destacar que houve queda média de 4,3% na captação dos estados do Sul, pois, tipicamente, nesta região, inicia-se o período de entressafra pelo término das pastagens de inverno. Além disso, em algumas localidades, chuvas em excesso e diminuição dos estoques de silagem (prejudicada pela estiagem do ano passado e pelo prolongamento do inverno neste ano) reforçaram a diminuição da produção. Diante disso, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea recuou 0,1% na Média Brasil.
O aumento das importações neste ano é outro fator que eleva a disponibilidade interna de lácteos e pressiona as cotações na cadeia. De acordo com dados da Secex, o volume de lácteos importado em outubro somou 172,3 milhões de litros em equivalente leite, queda de 15% frente ao de setembro/22, mas 80% acima do de outubro/21.
Gráfico: Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de outubro/2022)
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
(Com Cepea)