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No Dia Internacional da Onça-Pintada, nascem dois filhotes da espécie no Refúgio da Itaipu em Foz

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

Dois filhotes de onça-pintada nasceram na madrugada desta terça-feira (29), no Refúgio Biológico Bela Vista, reserva da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR). O nascimento coincidiu com o Dia Internacional da Onça-Pintada, celebrado em 29 de novembro e, pela primeira vez, foi registrado em vídeo.

Graças ao sistema de monitoramento instalado em julho, foi possível acompanhar o parto e saber o horário exato da chegada dos bebês. O primeiro filhote nasceu às 4h13; o segundo, às 4h31. Eles são filhos de Nena e Valente, onças que integram o Programa de Reprodução das Onças-Pintadas da Itaipu. A mãe, Nena, é melânica (onça-preta), mas ainda não é possível saber se os filhotes seguem o padrão de cor da mãe ou do pai, cuja pelagem é mais clara.

 

Após o nascimento, mamãe e filhotes ficam isolados por pelo menos três dias. Neste período, médicos-veterinários do Refúgio monitoram os animais à distância. A avaliação, pesagem e sexagem dos filhotes acontece em alguns dias, para evitar o estresse da genitora.

Os filhotes devem permanecer junto da mãe por pelo menos até um ano de idade, mais ou menos. Depois disso, é possível que esses animais sejam cedidos a outras instituições. “Contribuir de maneira efetiva para a conservação das espécies, como é o caso da onça-pintada, é de fato assumir a responsabilidade ambiental como uma das premissas de gestão da Itaipu Binacional”, disse o diretor de Coordenação, Luiz Felipe Carbonell.

Na Itaipu, já foram duas reproduções bem-sucedidas antes desse nascimento ocorrido no Dia da Onça-Pintada, animal símbolo da biodiversidade brasileira por estar no topo de cadeia e manter o equilíbrio das florestas. Além de Poty (fêmea) e Pytu (macho), nascidas em 1º e 2 de junho de 2019, também nasceu no espaço a onça-pintada Cacau, em dezembro de 2016, após 14 anos de tentativas. Cacau também é filha de Valente e Nena. O objetivo do Programa é fazer um banco genético vivo que permita, no futuro e com o apoio de outras instituições, reintroduzir a espécie na natureza.

“Eles são muito importantes porque carregam a genética da Mata Atlântica [do pai, Valente]”, afirmou o médico-veterinário Pedro Teles, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu Binacional.

Valente chegou ao Refúgio Biológico Bela Vista em agosto de 2007. Ele foi encontrado abandonado numa fazenda na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo e encaminhado pela Polícia Ambiental ao centro de recuperação de animais silvestres em Campo Grande. Ele é o último exemplar de onça-pintada de Mata Atlântica em cativeiro.

Neste Dia da Onça, o papai Valente ganhou mimos da equipe do Refúgio, ao participar de enriquecimento ambiental, atividade que busca trazer novos estímulos aos animais criados em cativeiro.

Já Nena foi resgatada em uma fazenda no Mato Grosso do Sul, na divisa com Goiás, e levada ao RBV em agosto de 2016. Ela tinha em torno de três anos de idade e foi doada pela unidade de conservação pelo Criadouro Científico Instituto Onça-Pintada (GO). Quando ela foi achada, ainda filhote, estava faminta ao lado da carcaça do gado que tinha sido abatido pela mãe, uma semana antes.

Na Itaipu, Nena encontrou abrigo e seu parceiro de vida, Valente. Como precisam passar um tempo separados depois que nascem nos filhotes, o reencontro dos animais após esse período é sempre animado – eles brincam e “namoram” mesmo fora do período do cio. “Dá para ver que eles realmente se gostam”, brinca o veterinário. Se depender da dupla, a genética da onça-pintada da Mata Atlântica estará garantida por algumas gerações.

 

Com assessoria Itaipu

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)