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Boletim Climático

Produtores em alerta: solo úmido e frio atípico ameaçam lavouras

Produtores em alerta: solo úmido e frio atípico ameaçam lavouras
Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| Fim de outubro com muita chuva e começo de novembro deve ser de frio intenso. A previsão é de os próximos dias sejam gelados, inclusive deve ter geada no Sul do país o que pode gerar prejuízo nas lavouras: “É uma onda de frio espetacular em termos de novembro, mas que pode trazer um prejuízo grande, especialmente na fruticultura de Palmas e a região da maçã e uva aqui em São Joaquim, na Serra Gaúcha. Temperaturas bem abaixo de zero podem acontecer na nossa área, trazendo prejuízo muito grande”, disse Ronaldo Coutinho, Engenheiro Agrônomo.

E tudo isso tem nome: La Niña. O frio e a chuva acima da média são causados por esse fenômeno que aterroriza os produtores rurais. Nós mostramos aqui no Sou Agro que no Sudoeste do estado uma lavoura de trigo foi destruída pelo granizo e os acumulados de chuva não param de subir. Com isso, esse frio atípico e muita chuva podem causar prejuízos nas lavouras.

 

“As condições meteorológicas dos últimos três anos têm mudado muito de forma significativa e a gente tem relacionado muito isso com a La Niña, que acontece de tempo em tempo. Entretanto, nos últimos três anos, ela não tem desaparecido, tem dado continuidade. Normalmente acontece no mês de agosto e termina no mês de dezembro. Nos últimos três anos, ela não terminou em período nenhum. E isso para a nossa região Sul do país, traz uma dificuldade muito grande em relação principalmente às temperaturas e às chuvas. Isso faz com que você tenha uma desregulamentação em relação às condições de normalidade”, explica Reginaldo Ferreira, agrometeorologista.

 

CHUVA ACIMA DA MÉDIA

Realmente a questão da La Niña gera muita chuva durante um pequeno período de tempo e depois vem a seca.

“É muito comum que a gente tenha cerca de 1500, 1600milímetros por ano na nossa região. Mas o ano passado a gente só teve 1200, sendo que cerca de 500 aconteceu apenas em um mês. Esse ano a gente já teve mais de 2 mil e 300 milímetros isso é chuva da região amazônica, então uma quantidade muito grande nos últimos dias, desses 2300, nós tivemos cerca de quase 700, 800 milímetros entre os meses de setembro e o mês de outubro, uma quantidade de chuva gradativamente muito grande em um período muito curto.

O FRIO

A questão do frio intenso e atípico em novembro também é algo causado pela La Niña.
“Isso está muito relacionado,  com a La Niña que não terminou e ainda tem a possibilidade dela dar continuidade ainda, pelo menos até o mês de maio de 2023. Isso significa dizer que a gente ainda continua tendo essa possibilidade, dessa quantidade, principalmente de chuva e de temperatura. A temperatura agora, por exemplo, a gente tem uma massa de ar fria muito baixa para o período em que nós estamos.  Já aconteceu massa de ar frio no mês de novembro, mas não dessa intensidade, como mostram os dados meteorológicos. Há possibilidade de que a gente tenha, até mesmo neve em algumas regiões mais mais elevadas daqui da região Sul do país e geada, podendo acontecer em uma grande quantidade de regiões e é muito preocupante, porque muitas das nossas culturas nesse período precisam de temperaturas elevadas”, explica o agrometeorologista.

 

PREOCUPAÇÃO COM ÀS LAVOURAS

Segundo Reginaldo Ferreira, a união do solo úmido com às baixas temperaturas podem causar prejuízos nas lavouras.

“Muitas das frutíferas, por exemplo, a maçã brotou, está crescendo e desenvolvendo se tem uma geada nesse momento, principalmente nas regiões mais altas, Santa Catarina, isso é muito ruim, porque a gente pode perder a safra praticamente como um todo e obter o preço extremamente elevado em relação a essa safra. Alguns locais ainda não colheu o trigo e isso também pode ser uma dificuldade. Muitas pessoas já plantaram milho, já plantaram soja, já plantaram feijão, que são culturas extremamente sensíveis. Aí as temperaturas baixas podem prejudicar muito essas lavouras”, finaliza Reginaldo.

 

(Débora Damasceno/Sou Agro )

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(Débora Damasceno/Sou Agro)