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Instabilidade do dólar afeta diretamente o agronegócio
#souagro| O dólar tem passado por um verdadeiro sobe e desce de preços no últimos dias. Para se ter uma ideia a moeda teve forte alta e encostou em R$ 5, encerrando esta sexta-feira (10) vendido a R$ 4,986, com alta de R$ 0,073 (+1,49%).
Este é o maior valor desde 16 de maio, quando tinha encerrado em R$ 5,052. Apenas nesta semana, o dólar subiu 4,39%.
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Toda essa instabilidade na moeda afeta diretamente o agronegócio brasileiro. Segundo o analista de mercado, Modesto Daga todas as commodities agrícolas sentem os reflexos dessa variação na cotação do dólar: “É importante nós voltarmos um pouco e entender que as commodities agrícolas de um modo geral são regidas em dólar e definidas pela Bolsa de Chicago, tanto soja quanto milho, quanto trigo, quanto feijão enfim. Quanto mais o dólar se valoriza em relação ao real ou quanto mais real nós precisamos pra comprar um dólar”, detalha Modesto.
A instabilidade no preço do dólar tem prós e contras quando se fala em agronegócio. Para quem exporta, a moeda valorizada significa que o produtor brasileiro vai receber mais pelo produto, só que ao mesmo tempo, a importação de produtos encarece.
“Melhor é pra quem exporta produção. Tanto o produto primário como o grão, farelo, óleo, como também carnes, e frango, de porco, de bovino, leite em pó, que a gente exporta. Todas as commodities de exportação, frutas, verduras, essas coisas. Porque na hora de fazer o câmbio a gente recebe em dólar e a gente recebe mais dinheiro. Por outro lado, esse aumento do dólar faz gastar mais reais para poder trazer os produtos que são os insumos de produção, principalmente os fertilizantes que nós importamos um percentual extremamente grande, quase 90% do consumo pra todas as commodities do Brasil. Os herbicidas, os inseticidas, os fungicidas que são matérias primas que vem de fora do país e nós temos que pagar mais reais para poder pagar esse câmbio mais valorizado”, explica o analista de mercado.
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Uma outra questão que também pode afetar o agronegócio, é a queda na entrada de dólar no Brasil, por conta da proximidade das eleições: “Nós vamos ter muitas inseguranças na hora de fazer essa campanha e isso afeta de uma forma direta o mercado, afeta os investidores externos para trazer dólar aqui dentro. Quanto menos dólar está entrando, mais se valoriza o dólar em relação ao real. Então se essa política for clara, for definida é o que a gente espera que se defina meio logo essa politicagem e que a gente consiga de forma honesta, correta definir quem que vai ser os nossos próximos governantes a gente teria uma estabilidade maior em termos de câmbio. Mas nós podemos esperar para os próximos dias, nos próximos meses uma flutuação muito grande no câmbio. E nesses dois lados nós temos tantos tanto quem importa produtos como quem exporta. Então a influência do câmbio sobre as commodities agrícolas de exportação ou consumo interno, ela tem uma relação direta”, finaliza Modesto.
(Débora Damasceno/Sou Agro)
(Foto: Envato)