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PECUÁRIA

Alto custo de produção ameaça suinocultura

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| A crise vivida pela suinocultura está sendo acompanhada há meses. Os produtores independentes relatam situações insustentáveis para continuar com a atividade. Em março a gente já havia trazido aqui no portal Sou Agro que os suinocultores estavam deixando de trabalhar no setor por conta do cenário complicado.

A situação chegou no Sindicato Rural de Marechal Cândido Rondon, onde muitos suinocultores levaram relatos sobre o alerta que o setor está vivenciando: “O Sindicato Rural nos últimos dias  vem recebendo alguns produtores de suínos bastante preocupados em relação aos custos de produção, bem como também os impactos que isso causa no resultado final de sua atividade. Esses nos relata em relação da preocupação deste não cumprimento de instituições financeiras onde estes fizeram empréstimos para melhorar a sua atividade dentro das exigências do que o mercado exige, e eles então fizeram essas melhorias ao longo dos anos e a cadeia do suinocultura hoje é uma das cadeias mais afetadas”, detalha o presidente do Sindicato Rural de Marechal Cândido Rondon, Edio Chapla.

ASSISTA O VÍDEO DO PRESIDENTE DO SINDICATO RURAL DE MARECHAL:

Alto custo de produção ameaça suinocultura

O cenário vem sendo acompanhado de perto e o Sindicato deve tomar algumas medidas para tentar auxiliar os produtores: “O Sindicato Rural estará fazendo os encaminhamentos para que a gente possa talvez trazer aí alguma solução a curto prazo porque pelos relatos, a situação cada dia que se passa mais comprometida fica”, finaliza Edio Chapla.

Alexandre Briccius que trabalha com suínos em Toledo no Oeste do Paraná já havia relatado aqui no Sou Agro, um cenário preocupante: “A suinocultura já vem há algum tempo sofrendo penalidades devido ao alto custo para se produzir e nos últimos meses vem se ouvindo produtores mais especificamente que trabalham com o ciclo completo, encerrando suas produções de suínos. Hoje o que vem mais impactando é a baixa remuneração, diferente de outras culturas e atividades que estão valorizadas na agricultura, a suinocultura não acompanhou as altas de todo o mercado”, detalhou Alexandre.

 

Também trouxemos aqui no Sou Agro a preocupação de Chico Dalcastel, que é médico veterinário, empresário e suinocultor, também em Toledo. Ele revelou sua preocupação quanto aos custos de produção da suinocultura, que estão muito acima dos preços praticados pelo mercado, em uma conta que não fecha e causa prejuízos incalculáveis para os produtores. “Se nada ocorrer de mudanças ao longo dos próximos sessenta dias, as coisas ficarão muito mais complicadas, não só para os produtores paranaenses, como de outros estados também”, comenta, afirmando que os custos do milho e farelo, componentes da ração, estão muito altos, enquanto o preço da carne suína está com valores baixos demais.

Para Chico, a suinocultura viveu historicamente várias crises, mas nenhuma comparada com o momento atual, em que o produtor tem em média R$ 200 de prejuízo por animal. “Isso causa reflexos em toda a cadeia produtiva e para a economia em geral. Já acontece na loja, com a queda nas vendas de produtos, além de observarmos o crescimento da inadimplência”, diz.

 

 

Na visão do produtor Dalcastel as consequências serão catastróficas se não tiver mudanças do quadro atual, começando pela diminuição de matrizes, do consumo de milho e farelo, até o encerramento de atividades por muitos produtores. O resultado seria um efeito em cadeia, com prejuízos inestimáveis para os municípios, especialmente no Oeste do Paraná onde a suinocultura tem um peso muito forte na arrecadação de receitas: “Sem dinheiro, o produtor compra menos roupas, equipamentos, veículos, eletrodomésticos e até o que ele vai por na mesa no almoço e no jantar. O agronegócio praticamente comanda o país. Em havendo crise num dos setores importantes do agro, todos perdem”, finaliza.

Há meses essa alta nos custos tem inviabilizado o aumento de produção, segundo os suinocultores: “A nossa produção é uma produção de terminação. Eu sempre gosto de comentar com o pessoal que hoje nós temos mil animais. Nós alojamos  mil animais, mas a vontade era de aumentar a produção para uns dois mil, três mil até o volume que fosse possível,  porém o custo hoje para você ampliar é muito alto, muito caro e fica totalmente inviável pelo que você recebe. Você fazendo um cálculo é algo que não se paga, a conta não fecha. Outro ponto também que que eu gosto de utilizar como exemplo é comparar com a produção de boi. O boi se tornou viável ainda está produzindo, tudo certo por conta que arroba aí chegou a R$ 350, R$380. Então assim, mesmo com os insumos altos para produzir um boi,  o valor subiu também, o valor bem consideravelmente. Dando assim lucro, um baita lucro para a atividade. Mas na suinocultura as coisas subiram, fez um processo totalmente inverso, as coisas subiram e o suíno abaixou, ficou muito complicado”, disse Alexandre em entrevista ao portal Sou Agro.

(Débora Damasceno/Sou Agro)

 

Fotos: Alexandre Briccius

(Débora Damasceno/Sou Agro)