trigo

Será que o trigo está trazendo bons resultados ao produtor?

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| No mercado agrícola, o trigo tem se destacado cada vez mais. Nos últimos tempos foi possível perceber que os produtores rurais estão optando cada vez mais para o plantio, principalmente para rotação de culturas. Mas a pergunta é: será que essa escolha está sendo rentável aos agricultores? Uma análise feita pelo Cepea demonstra como estão as negociações pelo produto e se os resultados estão sendo satisfatórios para quem produz trigo.

Em abril, à medida que a colheita da safra verão avançava e a semeadura do milho segunda safra era finalizada, produtores davam maior atenção ao cultivo da nova temporada de trigo. As negociações foram pontuais no mês, com disparidade entre as ofertas de compra de venda.

O preço médio do trigo no mercado disponível no Paraná foi de R$1.902,05/tonelada em abril, altas de 2,3% frente ao de março/22 e de 18,5% em relação a abril/21. Em São Paulo, a média mensal foi de R$ 1.925,24/t, avanços de 1,7% no mês e de 19,2% em um ano. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.883,19/t, com elevações de 1,5% e 22% nos comparativos mensal e anual. Já no Rio Grande do Sul, houve recuo de 0,4% entre março e abril, mas alta de 21,6% em um ano, com média de R$ 1.818,96/tonelada.

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Agentes brasileiros estiveram atentos ao início da semeadura no País e, especialmente, a sinais de que a área com o cereal na Argentina pode ter ligeira redução. O fato de o país vizinho – que é o maior fornecedor de trigo ao Brasil – poder ter menor produção somado à continuidade do conflito entre a Rússia e a Ucrânia – importantes players mundiais – vêm deixando agentes brasileiros em alerta. Nos Estados Unidos, a semeadura da safra de primavera está mais lenta que nos anos anteriores, enquanto as condições do trigo de inverno pioraram.

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Quanto à Argentina, informações da Bolsa de Cereales indicam que a área de trigo pode somar 6,5 milhões de hectares na safra 2022/23, redução de 200 mil hectares frente à temporada anterior. A menor área destinada ao cereal está relacionada ao aumento dos custos de produção, à melhora na margem da cevada e, também, às políticas internas, que afetam a comercialização. Relatório divulgado no final de abril pelo USDA estima produção da safra 2021/22 em 21,9 milhões de toneladas na Argentina. Já para a temporada 2022/23, a produção está prevista para cair para 18,6 milhões de toneladas.

Em relação à Ucrânia, informações divulgadas pela consultoria SoEcon indicam que a produção de trigo no país pode somar 23,1 milhões de toneladas neste ano, 500 mil toneladas abaixo da projeção anterior e abaixo do registrado na safra de 2021 (32,1 milhões de toneladas). Quanto às exportações, se ocorrer um cessar-fogo ainda no primeiro semestre deste ano e por consequência ser verificada a reabertura dos portos, a Ucrânia poderia exportar 20 milhões de toneladas de trigo na safra 2022/23, já que o país detém elevado volume estocado. Nos Estados Unidos, de acordo com dados do USDA, a área semeada com trigo deve somar 19,18 milhões de hectares neste ano, apenas 1% acima da observada em 2021.

 

BALANÇA COMERCIAL

Segundo a Secex, até a quarta semana de abril, foram exportadas 125,08 mil toneladas de trigo em grão, acima de toda a quantidade embarcada em abril do ano passado (21,2 toneladas). Já as importações de trigo somaram 350,40 mil toneladas na parcial do mês, contra 467,91 mil toneladas em abril de 2021, redução de 25,1%. Os preços de importação registram média de US$ 303,9/tonelada FOB origem, 12,9% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 269,2/t).

SAFRAS

No relatório de abril, a Conab revisou para baixo a estimativa para a importação total de trigo (de agosto/21 a julho/22) em comparação a março, para 6,5 milhões de toneladas. As estimativas de exportação do cereal entre agosto/21 e julho/22 foram elevadas para 3 milhão de toneladas.

Em relação à nova temporada 2022/23, que começa em agosto, a previsão é de produção de 7,90 milhões de toneladas de trigo, alta de 3% em comparação à safra anterior – dados da Conab. O volume importado deve somar 6,5 milhões de toneladas, e a exportação, apenas um milhão de toneladas. Com o consumo projetado em 12,75 milhões de toneladas, a disponibilidade interna está prevista em 14,75 milhões de toneladas, recuo de 4,8% em comparação a 2020/21.

 

O USDA indicou no relatório de abril que o consumo global de trigo na safra 2021/22 deve somar 791,08 milhões de toneladas, aumento de 0,5% sobre os dados de março e 1,1% acima do observado na temporada passada. Os estoques mundiais recuaram 1,1% em relação ao divulgado no relatório de março e devem ficar 4,2% abaixo dos da safra 202/21, totalizando 278,42 milhões de toneladas. Quanto às exportações da safra 2021/22, o USDA prevê volume de 201,7 milhões de toneladas, 1,5% inferior ao relatório passado, justificado pela redução dos embarques da União Europeia e da Ucrânia, apesar da alta das negociações da Rússia, do Brasil e da Argentina.

MERCADO EXTERNO

Nos Estados Unidos, considerando-se as médias de março e abril, o primeiro vencimento do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago (CME Group) se desvalorizou 5,2%, a US$ 10,6644/bushel (US$ 391,85/t). Na Bolsa de Kansas, por outro lado, o contrato de primeiro vencimento do trigo Hard Winter avançou 2,4%, a US$ 11,2549/bushel (US$ 413,55/t).

DERIVADOS

Os valores dos farelos foram pressionados pela oferta superior à demanda em abril. As baixas nos preços frente a março foram de 14,7% no a granel e de 10,7% no ensacado. Já para as farinhas, de março para abril, as médias das farinhas subiram 14,5% para massas em geral, 13,6% para massas frescas, 12,1% para panificação, 12,0% para bolacha salgada, 9,8% para pré-mistura e 8,6% para bolacha doce – com recuo de 0,6% apenas para a farinha integral.

(Débora Damasceno/Sou Agro com Cepea)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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