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AGRICULTURA

“Perdemos produção, mas estamos recuperando”, diz Ortigara sobre a safra paranaense

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| A nova estimativa de safra paranaense divulgada nesta quinta-feira (26) demonstra que o estado está se recuperando das perdas causadas pelas adversidades climáticas dos últimos meses.
Apesar das perdas, o secretário de agricultura do Paraná, Norberto Ortigara comemora os números e falou ao portal Sou Agro sobre as lavouras saírem praticamente ilesas da semana gelada que passamos nos últimos dias.

“Felizes nesse momento por termos enfrentado e superado uma semana muito ruim em termos de clima, bastante frio e termos nos desvencilhado por hora de outros problemas que podem afetar. Grande parte do milho está escapando, o grão leitoso para cima e com perspectiva da gente ter uma produção. Feijão em algumas áreas foi um pouco danificado. No conjunto, nós esperamos colher a segunda safra ainda uma produção acima de 600 mil toneladas é a metade do que o Brasil vai colher nessa época do ano”, detalha Ortigara.

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“Perdemos produção, mas estamos recuperando”, diz Ortigara sobre a safra paranaense

 

Apesar da quebra de safra, o Paraná se mantém otimista com os resultados da estimativa, visto todas as dificuldades enfrentadas pela agricultura nos últimos meses. Afinal, o estado permanece com expectativa de  de uma boa safra de milho safrinha, estimada em 16 milhões de toneladas. “Essa produção é importante para estabelecer um bom nível de oferta no Brasil, equilibrar os preços e também exportar”, diz Ortigara.

Segundo Ortigara, este não é um ano de muitas felicidades, mas que os números mostram uma recuperação nas lavouras paranaenses: “É um ano para não ficar muito feliz, porque tudo encareceu, os insumos. Perdemos produção, mas estamos pouco a pouco recuperando aí a melhor condição de produção”, finaliza Ortigara.

 

O BOLETIM

MILHO SEGUNDA SAFRA

O relatório do Deral indica aumento de 9% na área plantada de milho na comparação com a safra anterior, somando 2,7 milhões de hectares. Essa área deve gerar produção de 16 milhões de toneladas – 180% maior comparativamente ao ciclo 20/21, que havia sido prejudicado pelas condições climáticas.

O Norte do Paraná é a região que mais plantou milho nesta segunda safra, segundo o analista do Deral, Edmar Gervásio. Foram 981 mil hectares, representando 36% do total. Já a região Oeste tem 817 mil hectares (30%). As condições de lavoura apresentam-se boas para 84% da área, 14% têm condição mediana e apenas 2% estão ruins. Em relação às fases das lavouras, 14% estão na final, 59% em frutificação e 27% divididos nas demais fases.

Os preços sofreram uma redução de 10% comparativamente ao ano passado. Na última semana, os produtores paranaenses receberam, em média, R$ 82,69 pela saca de 60 kg. Gervásio explica que esse cenário refletiu no abastecimento e inclusive nos preços da carne suína no varejo no primeiro quadrimestre deste ano, que também reduziram. “Provavelmente isso se deve ao custo menor do milho para o produtor, já que o grão é elemento fundamental na cadeia de proteínas animais”, destaca.

 

FEIJÃO SEGUNDA SAFRA

As condições climáticas da última semana estão favorecendo a colheita de feijão, que atingiu 39% da área nesta semana. O restante deverá se prolongar durante a primeira quinzena de junho, segundo o economista Methodio Groxko.

O Paraná cultivou nesta safra uma área de 303 mil hectares, 11% superior à de 2021, quando foram cultivados 272,3 mil hectares. A colheita está mais adiantada nos núcleos regionais de Guarapuava, que tem 38% da área colhida; Irati (60%); Pato Branco (50%) e Ponta Grossa (60%).

Na segunda safra, ao contrário de outros anos, os produtores paranaenses apostaram mais no feijão tipo preto. Assim, a menor oferta de feijão tipo cores provocou aumento nos preços recebidos pelos produtores nos últimos 15 dias. Já o feijão-preto sofreu uma considerável queda e chegou ao patamar mais baixo no mesmo período.

 

Na última semana, o produtor recebeu, em média, R$ 410,00/sc de 60 kg pelo feijão-carioca, aumento de 22% frente ao período anterior, e R$ 208,00/sc de 60 kg pelo feijão tipo preto, com aumento de 1% comparativamente à semana passada. “Com o avanço da colheita e o aumento da oferta de ambos os tipos, os agentes de comercialização observam que o consumidor final começa a migrar para o feijão-preto. Essa pequena alteração no consumo já freou a subida do feijão-carioca e, ao mesmo tempo, estagnou a redução dos preços do feijão-preto”, explica Groxko.

Espera-se a produção de 601,9 mil toneladas de feijão no Paraná, 110% mais do que no ano passado, quando o Estado teve uma safra prejudicada pela seca e as geadas, quando foram colhidas 286 mil toneladas.

TRIGO

Aproximadamente 53% da área de trigo no Paraná está semeada. Grande parte dos municípios do Norte do Estado concluíram o plantio, confirmando uma redução média de área de praticamente 10% na região, em função da concorrência com o milho. A região Oeste também está com a semeadura avançada e vivenciou situação semelhante, com uma retração de área ainda mais expressiva, superior a 20%.

“A partir de agora, os trabalhos devem se intensificar nas regiões mais frias, Sul e Sudoeste, onde a frequência das geadas inibe a presença de uma segunda safra de milho e, consequentemente, o trigo deve ter um aumento superior a 5% na área a ser plantada”, explica o agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, essa expectativa de incremento não é suficiente para compensar as retrações observadas em outras regiões, e a área tritícola paranaense deve recuar 4% com relação à safra passada, de 1,22 milhão para 1,17 milhão de hectares.

 

De acordo com o agrônomo, em função das lavouras não terem atingido as fases reprodutivas, as geadas da semana anterior não foram prejudiciais. Assim, a expectativa de produção permanece em 3,9 milhões de toneladas, volume 21% superior ao obtido em 2021, quando a seca prejudicou as lavouras e foram colhidas 3,2 milhões de toneladas.

Os triticultores paranaenses receberam, em média, R$ 100,00 pela saca de 60 kg na última semana, valor 18% superior ao que recebiam no ano passado. Com preços em patamares altos e chuvas nos momentos ideais para o desenvolvimento do cereal, os produtores têm expectativa de uma safra positiva, ainda que a alta nos custos de produção – especialmente nos fertilizantes – possa gerar preocupação.

MANDIOCA

Os números do Deral indicam redução na oferta de mandioca no Paraná. Para esta safra, a expectativa é de que sejam produzidos 2,87 milhões de toneladas em uma área de 130 mil hectares. O volume é 6% menor do que na safra 20/21, enquanto a área é 3% menor. As regiões de Paranavaí e Umuarama, principais produtoras, representam, juntas, 65% da produção estadual.

Já os preços estão aquecidos. Os produtores estão recebendo, em média, R$ 751,00 pela tonelada de mandioca posta na indústria, um aumento de 60% comparativamente ao mesmo período do ano passado, quando recebiam R$ 469,00. Esse valor é satisfatório para os agricultores, embora o custo de produção tenha subido significativamente. A qualidade do produto também apresentou melhora, segundo o economista Methodio Groxko.

 

 

CEVADA

A produção estimada de cevada no Paraná é de 345,8 mil toneladas, 17% superior à última safra, se as condições climáticas colaborarem. A área total cultivada no Estado é de 74, 3 mil hectares. O núcleo regional de Guarapuava, que ganhava mais área plantada nos últimos anos, apresentou uma redução de 3% nesta safra, possivelmente devido ao cultivo de trigo. O plantio deve iniciar na primeira quinzena de julho, segundo o agrônomo do Deral Rogério Nogueira.

No núcleo regional de Ponta Grossa, estima-se um aumento de 10% na área plantada em relação ao ciclo anterior, de 20 mil para 22 mil hectares. Nessa região, 5% da área já está plantada.

CAFÉ

A safra brasileira de café está estimada hoje em 53 milhões de sacas, segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgadas na semana passada. São quase 10 milhões de sacas a menos do que o colhido em 2020, último ano de bienalidade positiva. Esse resultado já era esperado, devido à seca e às geadas que afetaram o início do ciclo.

No Paraná, o Deral aponta quebra acentuada, especialmente em razão das geadas ocorridas no ano passado. A colheita chegou a 13% da área, índice considerado adequado para o momento e adiantado com relação a 2021, ano com atraso significativo. “As incertezas com relação ao clima continuam. Temos baixas temperaturas antecipadas e o vento frio afetou os grãos em alguns pontos do Estado, embora não haja registros de danos na safra como um todo”, explica o economista Paulo Franzini.

Estima-se a produção de 33,4 mil toneladas de café – 35% a menos do que na safra anterior, em uma área de 27 mil hectares, que é 15% menor. De acordo com o economista, a safra tem perspectivas positivas de preço. Na última semana, eles receberam aproximadamente R$ 1.160, 00 pela saca de 60 kg.

BOLETIM

Além dos produtos já tratados na estimativa de safra mensal, o Boletim Semanal de Conjuntura Agropecuária traz informações sobre a redução no preço do tomate. Com metade da segunda safra colhida, a tendência é que continue recuando. Também há dados sobre a exportação de carne de frango no primeiro quadrimestre do ano tanto em relação ao Brasil quanto do Paraná.

O documento registra ainda a queda no preço da arroba bovina. O período de entressafra na pastagem, que se soma ao alto custo da suplementação, faz com que o produtor entregue os animais ao mercado. Com mais oferta, o preço reduz.

(Débora Damasceno/Sou Agro com AEN)

 

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(Débora Damasceno/Sou Agro)