AGRICULTURA
Chuva está destruindo as lavouras de soja no RS
#souagro| As mudanças climáticas se tornaram o temor do produtor rural. A gente tem acompanhado que nos últimos anos é o tempo instável o causador das perdas na agricultura. E é justamente sobre isso que vamos falar. Neste caso em específico sobre as lavouras de soja do Rio Grande do Sul, é que por lá, depois de uma seca severa, agora os prejuízos estão sendo causados pelo excesso de chuva. Em muitos casos é tanta água que a lavoura está imersa.
Segundo o vice-presidente da Aprosoja no Rio Grande do Sul, Décio Teixeira, a situação é alarmante: “O Rio Grande do Sul passou pela maior seca e estiagem dos estados. Nossa estiagem foi muito mais forte do que a que se abateu no Paraná ou o Mato Grosso do Sul. E agora pra finalizar aqueles que não haviam conseguido plantar a sua lavoura no tempo indicado, ficaram com as lavouras para final de dezembro e janeiro. E então essas lavouras estavam melhores que as outras, tinham a possibilidade de colher um pouco mais e agora se abateu essa chuvarada incrível e que não para de chover, as precipitações são enormes, muitas lavouras perdidas debaixo d’água na fronteira oeste e também algumas lavouras brotando já, soja no meio da lavoura”, detalha Décio.
Sobre os prejuízos, ainda não é possível ter uma estimativa exata, pois não parou de chover totalmente para fazer uma vistoria nas lavouras afetadas, mas já é possível adiantar que as perdas serão grandes: “Esses prejuízos são imensos, porque as pessoas estavam colhendo aqui desde três sacos e meio até dezoito sacos em diversas regiões. Agora com essa chuvarada aí que aquele soja que podia render mais de 20 sacos por hectares, 25 talvez, essa oportunidade será perdida. Hoje amanhecemos sem chuva mas também muito fechado. E as condições de umidade são enormes, muito alta a umidade do ar. Por isso, serão necessários no mínimo três dias para poder entrar nas lavouras”, finaliza Décio.
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COMO O EXCESSO DE CHUVA PREJUDICA A SOJA
É possível perceber que todo esse excesso de chuva causa danos irreversíveis na soja, mas afinal como isso acontece? Segundo o agrometeorologista, Reginaldo Ferreira, dois fatores são os grandes causadores dessas perdas, o primeiro é a umidade: “As doenças nas plantas, elas estão muito relacionadas a umidade, seja excesso no solo ou de umidade no ar. As plantas elas respiram pelas raízes, então se eu tiver o solo encharcado com muita água, gera uma quantidade muito grande de outros gases e outros ácidos, porque o oxigênio quem acaba pegando são os micro-organismos e aí as plantas têm dificuldade na respiração porque a maioria respira pelas raízes. Então com isso, as plantas ficam com dificuldade para respirar, por isso o crescimento é menor, pois esses micro-organismos são prejudiciais e passam a se alimentar das raízes e aí acabam matando as plantas”, explica Reginaldo.
Outra coisa que é ruim para o desenvolvimento da planta é a umidade relativa do ar: “O aumento da umidade relativa do ar, traz consequentemente doenças, porque os fungos e as bactérias precisam de umidade. Se eu tiver um lugar seco, eles têm dificuldade de desenvolver. Então a seca impede o desenvolvimento do micro-organismo, mas quando eu tenho umidade, existe uma quantidade muito grande que se desenvolve. Esses micro-organismos se alimentam da planta, da folha e dos grãos. Então se eu tiver umidade os micro- organismos vão destruir aquilo que nós queremos que é a planta”, explica o agrometeorologista.
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Por fim essa umidade em excesso é ruim em qualquer período de desenvolvimento da lavoura: “A umidade na época da colheita é ruim porque os micro-organismos vão comer o grão. E na época que a planta está em crescimento, é ruim porque ela vai deformar, comer e desintegrar a folha. Então, anos em que eu tenho muita umidade, eu tenho também uma quantidade muito grande de doença. Anos que eu não tenho umidade, a quantidade de doença é menor”, finaliza Reginaldo.
O que preocupa é que segundo o Inmet, a partir de hoje (4) um ciclone extratropical associado a frente fria vai se intensificar causando ventos fortes, acima de 80 km/h, em localidades próximas à costa da Região Sul. Além disso, até quinta-feira, os totais de chuva previstos para o nordeste do Rio Grande do Sul e leste de Santa Catarina poderão ultrapassar os 100 milímetros, novamente.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) orienta os moradores a ficarem atentos aos Alertas das Defesas Civis de suas cidades. As previsões de tempo e avisos meteorológicos do Inmet podem ser acompanhados nos endereços: portal.inmet.gov.br e http://alert-as.inmet.gov.br
(Débora Damasceno/Sou Agro)