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Rússia sinaliza suspender venda de fertilizantes ao Brasil

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Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

#souagro | Apesar de todos os esforços concentrados pelo governo federal, inclusive com garantias dadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, a Rússia dá sinais de que suspenderá a venda de fertilizantes para o agronegócio brasileiro. A notícia caiu como uma bomba no setor, que já vinha enfrentando sérias dificuldades em obter o insumo. Se a situação já estava difícil, tende a ser tornar muito pior.

A informação é do embaixador da Belarus no Brasil, Sergey Lukashevich. Segundo ele, o país foi obrigado a suspender as vendas ao Brasil diante da proibição do escoamento por parte da Lituânia, com as fronteiras fechadas. Belarus é responsável por 20% dos fertilizantes consumidos pelo Brasil. A ausência destes produtos vai fazer com que os preços disparem. Nos últimos meses, por conta da pandemia do novo coronavírus, alguns componentes chegaram a subir os preços em até 155%.

O Paraná certamente será um dos estados mais afetados. O Porto de Paranaguá, por exemplo, é responsável pelo recebimento de um terço de todos os fertilizantes importados da Rússia pelo mercado brasileiro.

Esse cenário de apreensão no mercado mundial de commodities é atribuído ao conflito no leste europeu, entre Rússia e Ucrânia, que nesta terça-feira chega ao sexto dia. Uma primeira tentativa de selar a paz fracassou recentemente. Enquanto isso, a Rússia continua realizando ataques contra os ucranianos e ceifando a vida de militares e civis. Essa situação gerará reflexos imediatos em relação ao aumento do custo dos insumos agrícolas e, consequentemente, nas prateleiras dos supermercados. Se os preços já são considerados exorbitantes, poderão encarecer ainda mais.

 

 

De acordo com o gerente-executivo do Sindiadubos-PR (Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Paraná, Décio Luiz Gomes, os impactos dessa guerra no cerne econômico são inevitáveis. No Brasil, 80% dos fertilizantes utilizados pela agricultura são fruto de importação. Em relação ao cloreto de potássio, a dependência é ainda mais forte. A única mina de cloreto de potássio do Brasil fica em Sergipe. Sua participação no mercado interno é pífia, algo em torno de 5%.

Brasília já iniciou a discussão sobre a implantação de um Plano Nacional de Fertilizantes. Mas avanço a passos tímidos e sua efetivação deverá ocorrer a longo prazo. Essa falta de fertilizantes no Brasil poderia ser compensada se o Canadá entrasse em ação. Mas seu poder de demanda não é insuficiente para preencher a lacuna deixada por Rússia e Belarus.

Esse impacto no Paraná só não será sentido de maneira mais intensa neste primeiro semestre, pelo fato de o produtor ter antecipado a compra do insumo. Porém, o mesmo não ocorrerá neste segundo semestre de 2022, afetando as safras previstas para esse período.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)