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PECUÁRIA

Preço do frango começa a se recuperar

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

Uma parcela de contribuição vem da competitividade do frango frente às demais carnes; outra, da valorização do produto no mercado internacional com a ocorrência, em outros continentes, da Influenza Aviária e, agora, da guerra na Europa. Não deve haver, porém, qualquer dúvida quanto ao fator determinante da atual recuperação de preços do frango: o menor alojamento de pintos de corte. E o gráfico abaixo deixa isso bem claro.

Na elaboração do gráfico foram adotados os seguintes parâmetros:

  • Alojamento de pintos de corte (média diária do volume alojado mensalmente);
  • Viabilidade de 96% dos pintos alojados;
  • Abate aos 42 dias de idade.

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Uma vez que os abates são realizados, em média, aos 42 dias de idade, o processamento dos frangos alojados (com um dia) se estende por parte dos dois meses seguintes. Assim, por exemplo, o abate das aves alojadas no último janeiro ocorreu, aproximadamente, entre os dias 11 de fevereiro e 13 de março.

 

E o apontado pelo gráfico é que, após retroceder, em dezembro/21, ao menor nível do terceiro trimestre de 2021, a oferta diária de frangos (número de cabeças prontas para o abate) aumentou significativamente no decorrer de janeiro passado, estendendo-se aos primeiros dias de fevereiro.

Já em fevereiro, a partir, aproximadamente, do segundo decêndio, o volume de frangos sofre um recuo de quase 10%, retrocedendo ao menor patamar em oito meses. No gráfico, a oferta diária foi projetada também para todo o mês de março, supondo-se, aqui, que a média diária ofertada nos dois últimos decêndios do mês irá se manter nos mesmos níveis do primeiro decêndio.

 

Mas qual é o efeito econômico dessa retração?

Naturalmente, variações na oferta – envolvendo a avicultura de corte como um todo, não apenas os segmentos independentes – se refletem primeiramente no produto final, isto é, no frango abatido, afetando na sequência a ave viva. Assim, após entrar em fevereiro com a pior cotação dos últimos dois anos, já nos primeiros dias do mês os preços do produto – não por coincidência, claro  – começam a reagir e, indiferentes à época (primeira ou segunda quinzena), seguem numa alta praticamente contínua, fechando a primeira quinzena de março (15) com valor mais de um terço (33,59%) superior ao alcançado em 31 de janeiro.

Com o frango vivo a recuperação demorou um pouco mais. Começou, primeiro, em Minas Gerais (24 de fevereiro) e só nos primeiros dias de março atingiu São Paulo. Mas, neste caso, com velocidade maior que a observada com o frango abatido. Os 33,59%  obtidos por este último foram registrados no decorrer de 28 dias de negócios, correspondendo a correções de 1% ao dia. Já as correções do frango vivo (interior de São Paulo) se concentraram em apenas 11 dos primeiros quinze dias de março, correspondendo a correções de, praticamente, 2% ao dia.

Com o início da segunda quinzena a tendência, natural, é a de uma evolução mais moderada do frango abatido, eventualmente até de uma estabilização. Mas, para a ave viva, a tendência ainda é de novas correções no preço.  Isto é: se a oferta se mantiver nos mesmos níveis registrados no primeiro decêndio de março.

Em tempo: todos sabemos o porquê dessa redução. Mas antes que algum alienado pergunte a razão do volume menor é bom deixar claro: insustentabilidade da produção frente à contínua e exacerbada evolução dos custos.

 

(Fonte: Avisite)

(Débora Damasceno/Sou Agro)