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Manifestação pelo preço do combustível afeta escoamento na fronteira

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| O aumento no preço do combustível tem gerado impacto em vários setores, o agronegócio é um deles. Afinal o diesel teve um reajuste expressivo de 24,9%, representando R$ 0,90 no litro. Esse aumento acontece em muitos países, inclusive no Paraguai, país que faz fronteira com o Brasil. Nesta segunda-feira (14) motoristas de aplicativos começaram uma greve, o que travou a ponte da amizade deixando veículos parados na fronteira.

Isso afeta diretamente no escoamento do setor produtivo. Rodrigo Atílio Ghellere é Presidente da Sindifoz (Sindicato Transporte Patronal Rodoviário) e informou que a situação está sendo acompanhada: “Estamos acompanhando agora o fechamento da ponte, as manifestações dentro do Paraguai, sobre a questão de aumento de combustível, a gente até entende, porém todos sabemos que o problema não é o Paraguai, o diesel do Paraguai nesse momento tá acompanhando mundialmente aí, nós do Brasil sofremos reajustes até menores do que aconteceu nos Estados Unidos e nessa semana que passou e essa que tá entrando hoje (14) já estamos aí apreensivos pra ver se pelo menos conseguimos uma estabilização do valor do combustível. Então, sim, estamos totalmente apreensivos com o que vai acontecer”, afirma Rodrigo.

 

PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS É UM AGRAVANTE DO ESCOAMENTO NA FRONTEIRA

A fronteira com o Paraguai já vinha sido afetada nos últimos meses por conta da Operação Padrão adotada pelos auditores fiscais da Receita Federal desde dezembro do ano passado. A categoria adotou um espécie de paralisação que é uma vistoria mais minuciosa das cargas, em protesto a falta de reajuste para os auditores. Essa decisão tem gerado muita demora na liberação das cargas na aduana e gerando filas gigantes de caminhões na fronteira: “A gente tá já com esses grandes problemas aí da Receita Federal, do Ministério da Agricultura da operação padrão que vem afetando a cadeia produtiva, a parte de alimentos já está com novos preços, já está sofrendo alguma falta de alguns produtos aí essenciais aí na parte de fabricação de ração, fábricas da região já estão substituindo os produtos que vinham no Paraguai, que não podem parar, tem aves em confinamento e aí essas aves tem necessidade de ração ao qual usa demais aí os produtos oriundos do Paraguai”, detalha Rodrigo.

 

A PREOCUPAÇÃO DOS TRANSPORTADORES

O aumento dos combustíveis trouxe muita preocupação também para as transportadoras Antonio Ruyz,  presidente do Sintropar (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística Oeste), diz que o reajuste já é sentido no custo operacional: “Nós do Sintropar estamos bastante preocupados com esse último aumento do combustível. Realmente foi um aumento muito expressivo, um aumento muito alto e isso realmente pegou nós transportadores num momento bastante delicado. Então hoje o óleo diesel é o nosso principal insumo para que a gente possa exercer nossa atividade. Então desde sexta-feira nós já estamos sentindo isso em nosso custo operacional e você não consegue repassar para o cliente já de imediato”, explica Antonio.

Uma alternativa apontada pelo Sindicato para evitar fechamento de empresas é conversar com clientes para repassar esses reajustes: “O que a nossa entidade tem falado após esse anúncio dos aumentos para que o transportador faça o seu dever de casa para que o transportador sente com o seu cliente porque ele não consegue mais absorver isso. Então  tem que ser repassado infelizmente por uma questão de sobrevivência da categoria transporte rodoviário de cargas porque se você avaliar hoje em veículos extra pesado, quase 60% por cento do faturamento está ficando em óleo diesel e começa a inviabilizar a atividade. Então, muitas empresas não liberaram caminhões para sair do seu pátio, porque ainda entravam em processo de negociação com o seu cliente. Então, bastante cautela nesse momento, mas reforço: o transportador rodoviário de cargas indiferente com segmento que ele atue, ele tem que sentar com o seu cliente pra que as tarifas sejam reajustadas. Se não, a gente corre o grande risco de ter empresas fechando as suas portas falta de ter o que transportar devido a esse custo operacional elevadíssimo e reforço que infelizmente essa conta quem acaba pagando são nossos consumidores finais, que vamos sentir isso no supermercado, que vamos sentir isso na farmácia, porque hoje o Brasil ele é dependente do modal rodoviário, 67% do que o país produz passa pelo modal, então não tem como não dizer que não vai chegar para o consumidor, infelizmente vai chegar sim. Vamos aguardar os próximos passos”, detalha Antonio.

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro) – Foto da ponte: Portal da Cidade.

(Débora Damasceno/Sou Agro)