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Entenda como o aumento dos combustíveis chega até você
#souagro| Quando se fala em preço dos combustíveis, o brasileiro sente diretamente no bolso. O último reajuste anunciado pela Petrobras gerou muita insatisfação em boa parte do país, mas muito se questiona esses aumentos e o motivo deles chegarem tão alto nas bombas.
Para explicar como esses preços chegam até o consumidor, o portal Sou Agro conversou com o empresário de varejo de combustíveis e professor universitário Osvaldo Mesquita Junior que detalhou como funciona o mercado do petróleo e qual caminho percorrido até que o reajuste chegue aos consumidores.
COMO É CALCULADO O CUSTO DO PETRÓLEO?
“A primeira coisa que a gente tem que entender é que esse mercado é um mercado bastante complexo e a gente tem que entender como ele funciona. Então nós temos lá a produção de petróleo que acontece tanto em terra quanto em alto mar. Então o preço do petróleo vai refletir todos esses custos que é a produção do petróleo interno. E também tem o petróleo que o Brasil importa, a gente compra na forma ou de gasolina, de diesel, demais derivados, ou petróleo cru pra misturar o petróleo que é produzido nessas bacias petrolíferas onde o petróleo brasileiro é caracterizado por ser um petróleo diferente, um petróleo pesado. Então a gente importa petróleo leve porque as nossas refinarias elas são grande parte das décadas passadas, onde a gente importava muito da nossa produção, então o preço vai refletir isso, aí vai pras refinarias”, detalha Osvaldo.
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COMO ESSE CUSTO CHEGA NAS BOMBAS?
“Lá na refinaria ele [o petróleo] sofre o processo de craqueamento onde é tirado a gasolina, onde é tirado o diesel e os demais derivados do petróleo. E só então ele tem o seu preço de formação. Então o preço de formação do petróleo quando a Petrobras diz que vai subir a gasolina e vai subir o diesel, ela sobe nas refinarias e isso vai ter um impacto em toda a cadeia produtiva restante formada pelas distribuidoras, pelos postos de combustíveis e pelos TRRs (Transportador-Revendedor-Retalhista) que são aqueles que vão por exemplo abastecer grandes consumidores e fazendas, né? Então quando ela [Petrobras] diz que vai subir o preço, ela diz que vai subir o preço lá na refinaria e isso obviamente já é feito levando-se em conta toda a cadeia de tributos que incide o petróleo, porque quando a gente compra um litro de combustível esse litro de combustível já lá no seu valor toda a tributação estadual inclusa nisso”, explica Osvaldo.
Mas para ficar mais simples de entender, Osvaldo dá um exemplo: ” Sobe 25% na refinaria como é feito o cálculo em centavos? Então você pega lá o cálculo por exemplo na refinaria custa R$ 3, então você pega lá R$3 e multiplica por 25% e você tem lá o o aumento que a refinaria vai produzir, que a Petrobras que é quem faz aqui no Brasil quem transforma isso em combustível vai produzir. Então o nosso preço aqui nada mais é do que esse reflexo do preço do petróleo e do barril do petróleo do tipo Brendt no mercado internacional. Então para vender no mercado interno ou pra exportar, a Petrobras vai levar o preço dessa commodity nessa questão”, explica Osvaldo.
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MAIOR REAJUSTE DOS ÚLTIMO ANOS?
“Nesses últimos 25 anos eu nunca vi um aumento tão alto. Se eu puxar minha memória, no tempo que eu era jovem, que eu morava em Curitiba, meu pai tinha um posto de gasolina lá. Eu também não me lembro de ter um aumento tão alto. Porém naquela época os aumentos eram mais constantes, aconteciam eh mais vezes no mês. Era comum então ter duas, três, até quatro vezes no mês um aumento do preço do combustível e acontecer de faltar muito também, principalmente o etanol, essa essa commodity faltava muito na época. O Brasil tinha uma crise sofria com crises de desabastecimento nesse período lá na década de 80 início da década de 90”, diz Osvaldo.
O QUE PODERIA SER FEITO PARA DIMINUIR O VALOR DO COMBUSTÍVEL?
“Para diminuir esses valores, primeira coisa a gente tem que conseguir convencer o Vladimir Putin acabar com a guerra na Ucrânia, isso vai fazer com que ocorra uma diminuição severa no preço dessa commodity, porque não haverá mais tanta instabilidade no mercado externo. A segunda questão, é modernizar a nossa matriz energética, então os biocombustíveis. Quando a gente fala em biocombustível a gente tem que sempre lembrar que o etanol é um biocombustível, o biodiesel é um biocombustível, então fazer com que essa matriz ela seja mais eficiente, a fazer com que os automóveis sejam mais eficientes, fazer com que diminua a dependência do país só pelo petróleo e pelos derivados de petróleo, gasolina e diesel. Nós teríamos que de repente conseguir fazer com que o governo cobrasse uma tributação menor desses produtos. Mas a gente sabe que isso é difícil porque um dos grandes pilares de arrecadação do governo está em cima dos combustíveis”, detalha Osvaldo.
“Fazer com que com que se diminua esses valores internamente é somente melhorando a eficiência do mercado interno e nós não vamos conseguir fazer com que isso reflita no mercado externo porque o Brasil é um player até certo ponto influente, mas não com peso suficiente para alterar o preço do barril do petróleo. Diferente de alguns países como a Venezuela, o Irã, o Iraque que se de repente falarem assim: vamos aumentar a produção e a disponibilização do petróleo, eles conseguem alterar o preço dessa commodity. Um dos grandes problemas desse mercado é da instabilidade onde estão as grandes fontes produtoras de petróleo. Então nós temos aí grandes fontes produtores de petróleo no Equador, na Venezuela, no Irã, no Iraque, países que como a Venezuela que faz parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) que é quem controla o preço dessa commodity porque ela define quantos barris são ofertados dia. Então se a OPEP por exemplo, decidir aumentar o preço do petróleo é simples, ela só diminui a sua oferta. Na contrapartida se ela quiser diminuir o preço do petróleo é só ela aumenta disponibilidade dessa commodity a nível de mundo”, finaliza Osvaldo.
(Débora Damasceno/ Sou Agro)