AGRICULTURA

Como o pó de rocha ficou tão disputado na agricultura?

Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| O uso de pó de rocha tem se tornado cada vez mais frequente nas propriedades brasileiras, mas nos últimos tempos a procura pelo produto teve um crescimento ainda maior. Essa busca é reflexo de vários fatores que influenciam os produtores a buscarem alternativas de melhorar o solo que sejam mais econômicas e rentáveis, por isso, o pó de rocha vem se tornado mais popular.

O pó de rocha é um remineralizador, ou seja, ele ajuda na recomposição dos minerais, melhorando as condições do solo com custo mais baixo. A rochagem é rica em micro e macro nutrientes que misturados ao solo alteram os índices de fertilidade das áreas onde é utilizado. O pesquisador da Embrapa, Fabio Alvares explicou como funciona esse mineralizador.

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Como o pó de rocha ficou tão disputado na agricultura?

 

O que é Pó de Rocha?

“Os Pó de Rocha são coprodutos da indústria da mineração que passam por um processo de moagem e são aplicados na agricultura, por isso, são chamados de agrominerais. Porém, o Ministério da Agricultura determinou ou estabeleceu uma legislação específica que os classifica em remineralizadores. E esses remineralizadores devem apresentar um potencial para melhorar a fertilidade do solo e também não devem
conter riscos em potencial para a contaminação dos solos.

Quais as vantagens e desvantagens de usar o pó de rocha?

“Os pó de rochas podem ser utilizados para adubação de diversas culturas em complementação a adubação com fertilizantes minerais. Porém, os pó de rochas ou os remineradores apresentam duas características que devem ser consideradas no seu uso: A primeira é a baixa concentração de minerais de nutrientes como fósforo e potássio, em comparação com fertilizantes minerais. A segunda é que esses nutrientes estão presentes nos remineralizadores associados aos minerais primários e por isso eles são considerados fertilizantes de liberação lenta”, explica Fabio.

 

Como decidir usar ou não o pó de rocha?

“Para a tomada de decisão de utilização dos remineralizadores ou pós de rocha, o agricultor precisa avaliar que esses insumos eles tem uma importância regional. Uma vez que são produtos com baixa capacidade de fornecimento de nutrientes, fósforo ou potássio. As quantidades exigidas pelas culturas, muitas vezes ultrapassam as quantidades de uma, duas, até cinco toneladas por hectare. Portanto, o frete, o custo de transporte desses produtos impacta de maneira bastante significativa no custo total de utilização dos remineralizadores. E esse é um dos inconvenientes ou uma das dificuldades que devem ser levadas em consideração para a tomada de decisão de uso dos remineralizadores”, detalha Fabio.

Como o pó de rocha vem ficando tão popular na agricultura?

“O assunto está em pauta, primeiro pela questão econômica uma vez que o custo dos fertilizantes minerais vem bastante elevado já desde 2021 e encontram-se em patamares muito elevados. Agora com a guerra entre Rússia e Ucrânia existe um risco real de desabastecimento dos produtos importados pelo Brasil. Então, alternativas nacionais surgem como forma de mitigar os impactos desta falta de comercialização em nível mundial. Além disso, os remineralizadores vêm sendo estudados por diversos grupos já há um bom tempo e algumas rochas já tem mostrado algum potencial para serem utilizadas no cultivo agronômico. É  também importante destacar que por se tratar de um coproduto da indústria de mineração, o uso de remineralizadores pela agricultura vem constituir uma forma de impulsionar uma economia circular pelo aproveitamento de um potencial resíduo dessa indústria de forma a contribuir para uma condição de produção mais sustentável”, finaliza o pesquisador Fabio Alvares .

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro – Foto: Embrapa)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)