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AGRICULTURA

Veja as vantagens do plantio consorciado de soja e milho

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| Um ganho de 20 dias na vida do produtor rural é sem dúvidas uma ótima alternativa. É justamente isso que faz o sistema Antecipe, desenvolvido pela Embrapa, um método de cultivo intercalar mecanizado de milho segunda safra nas entrelinhas da soja antes da colheita da leguminosa. São anos de pesquisa e ao longo de mais de uma década os pesquisadores garantem que esta é uma ótima opção para os agricultores.

ASSISTA A EXPLICAÇÃO DO SISTEMA ANTECIPE:

Veja as vantagens do plantio consorciado de soja e milho

 

 

Este sistema, desenvolvido ao longo de 14 anos de pesquisa e validação, possibilita antecipar a semeadura do milho segunda safra em até 20 dias antes da colheita da soja. A tecnologia é composta por três pilares: um sistema inédito de produção de grãos, uma semeadora-adubadora desenvolvida para este cultivo e um aplicativo para auxiliar o produtor a planejar de forma correta a implantação do Antecipe no campo.

Walter Meirelles é pesquisador da Embrapa e segundo ele o sistema Antecipe é sinônimo de bons resultados aos produtores: “O sistema antecipe, é uma tecnologia para que o produtor consiga plantar o milho mais cedo. Ele pode antecipar em 20 dias o seu plantio, para que, com isso o milho fique plantado numa época mais adequada. Então, se por exemplo, eu fosse plantar milho dia 20 de março, em vez de usar o sistema antecipa, implantado dia primeiro de março, ele está ganhando 20 dias. Com isso, ele faz o plantio do milho antes da colheita da soja.”

Os testes são feitos em várias regiões do país e os resultados são positivos: “Está sendo testado em diversas regiões, mas é na geada ou estiagem no milho de safrinha, é aonde você pode ter melhor resultado, fazendo uso desse sistema Antecipe. Eventual geada ou eventual estiagem que ocorra lá no meio do outono, você teria queda na produtividade do milho, com o sistema Antecipe, você pode ganhar em torno de 20 dias, o que favoreceria bastante a cultura do milho”, finaliza Walter.

Como funciona o Sistema Antecipe?

Segundo a Embrapa, na prática, o Sistema Antecipe começa com a semeadura mecanizada da cultura do milho nas entrelinhas da soja, utilizando uma semeadora-adubadora desenvolvida para este fim. Para isso, desde 2020, a parceria da Embrapa Milho e Sorgo com a empresa Justino de Morais Irmãos S/A (Jumil) permitiu o desenvolvimento dessa máquina em escala comercial, já disponível aos produtores.

 

O momento certo para a realização do Antecipe varia conforme a região. O início do monitoramento para realização da semeadura intercalar começa a partir do estádio R5 da soja (início do enchimento de grãos na vagem). Isso é importante porque, a depender da região, vai definir a época de antecipação da semeadura do milho nas entrelinhas da soja. De acordo com os pesquisadores, os melhores resultados obtidos com o Antecipe no estado do Paraná ocorreram quando o milho foi semeado a partir do estádio R6 ou R7. “É preciso que produtores e técnicos conheçam muito bem a cultivar de soja e reconheçam corretamente os estádios de desenvolvimento, pois a semeadura muito cedo pode proporcionar falta de luminosidade ao milho, o que não é desejável”, ressaltam os pesquisadores.

Não há necessidade de mudanças no espaçamento da soja para a realização da semeadura do milho utilizando o Antecipe. Na hora da colheita, o milho é cortado junto com a soja, ficando apenas um pequeno caule de cada planta de milho.  Só que, nesse momento, toda a lavoura de milho já está implantada, com raízes em pleno desenvolvimento e pronta para continuar crescendo. Mesmo com o dano mecânico, o milho continua seu crescimento, mas para isso ele deverá estar, no máximo, até o estádio de desenvolvimento V5 (cinco folhas totalmente desenvolvidas). “Este conhecimento também é importante pois, até nesta fase, o ponto de crescimento do milho está abaixo da superfície do solo, e mesmo com o corte das folhas na colheita da soja, o milho continuará seu desenvolvimento”, ressalta Borghi.

 

Os pesquisadores alertam, porém, que a Embrapa não está recomendando a mudança do sistema de cultivo de milho segunda safra que hoje existe no Brasil. “O Antecipe é uma tecnologia para diminuir riscos, ou seja, aquele milho que sempre é semeado fora da época recomendada, por meio do Antecipe, é colocado em melhores condições de desenvolvimento, aumentando a produtividade quando comparado ao milho semeado tardiamente”, destacam.

Os resultados obtidos até o momento permitem inferir que o Sistema Antecipe demonstra enorme relevância para redução de riscos na safrinha de milho, que é responsável por mais de 70% da produção nacional deste cereal e tem potencial de continuidade de expansão em área cultivada, considerando apenas as áreas de soja não semeadas com o milho segunda safra. Além disso, esse sistema de cultivo está alinhado às principais diretrizes estratégicas do governo brasileiro, proporcionando em curto prazo a expansão do Sistema Plantio Direto e contribuindo com a redução da emissão de gases de efeito estufa e com a Política Nacional de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+).

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro com Embrapa)

 

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)