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PECUÁRIA

Até quando o produtor de leite vai aguentar?

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Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

#souagro | Utilizando como parâmetro a análise mensal divulgada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os preços pagos aos produtores de leite apresentaram queda no último trimestre de 2021. Essa situação se arrasta por um longo período e a perguntar que não quer calar é a seguinte: até quando os produtores de leite vão suportar tamanha defasagem?

Nas dez principais regiões produtores do País, os preços praticados no último mês do ano passado ficaram 7,2% inferiores em comparação com o mesmo período de 2020. Mesmo com o aumento na produção de leite registrado nos últimos meses, no acumulado de 2021 o volume adquirido ficou abaixo em 1,2% ao verificado em 2020. Conforme especialistas, essa queda é atribuída ao elevado valor dos insumos, entre os quais combustível e energia elétrica.

Sem contar ainda os custos decorrentes de adubos e corretivos, superando aumentos de 70% e as cotações dos suplementos minerais acumulam alta de 28%. E o pior, esse cenário tende a permanecer a médio prazo. Com um mercado interno enfraquecido, o custo de produção tem encarecido cada vez mais a atividade, levando pequenos e médios produtores a trocar o gado de leite pelos grãos, mesmo com os impactos provocados pela estiagem registrada nos últimos anos no Paraná.

Custo de produção elevado e adversidades climáticas são fatores responsáveis pelos preços de comercialização do leite. A qualidade e a disponibilidade das pastagens também ficam comprometidas. Uma das produtoras que sente na pele todas essas dificuldades é Marlene Link, pequena produtora de leite no distrito de Portão do Ocoy, pertencente a Missal, no oeste do Paraná. “É uma sucessão de problemas. Pragas, custo elevado de produção, falta de água e preço baixo. Não sei até quando vamos suportar tudo isso”, disse a produtora, desanimada com toda a situação.

A analista da Conab, Clarissa Albuquerque, comenta que a região sul ainda sente os efeitos resultantes do fenômeno climático La Niña, responsável por afetar as culturas de grãos. Áreas de milho passaram a ser convertidas em silagem, aumentando a pressão sobre os custos de produção e impactando de maneira direta nas cadeias de leite e carne.

No Paraná, a relação leite/milho está 15,7% inferior em comparação com o mesmo período de 2020. Em relação ao mês anterior, a queda foi de 6,2%. Quanto ao farelo de soja, houve melhora de 28,5% em comparação com o mesmo período de 2020, mas uma queda de 5,9% em relação a novembro. No estado paranaense, com a venda de 1 litro de leite é possível comprar 1,46 quilo de milho e 0,88 quilo de farelo de soja.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

Foto: Vandré Dubiela

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)