AGRICULTURA
Paraná responde por metade dos R$ 45 bi de prejuízo com a seca
#souagro | Dos R$ 45 bilhões de prejuízos provocados pela seca nos quatro principais estados produtores nacionais, o Paraná responde por pelo menos metade desse montante. Não é por acaso que a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, engenheira agrônoma Tereza Cristina, esteve em Cascavel quinta-feira (13), para ver de perto os estragos provocados por uma das mais severas estiagens registradas nas últimas décadas. A ministra visitou a Fazenda Confiança, em Lindoeste, e ficou surpresa com o que viu, tamanho impacto provocado pela seca nas plantas. “Viemos conhecer de perto a realidade para depois formatar políticas mais assertivas de amparo ao agronegócio”, disse, na oportunidade.
As perdas nas lavouras se estendem por diversas culturas, nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os termômetros têm passado facilmente dos 30 graus em muitas cidades destes estados, tornando o revés dessa situação ainda mais difícil. Soja e milho são as cultivares mais atingidas. No Paraná, as perdas são calculadas em pouco mais de R$ 22 bilhões e no Rio Grande do Sul, algo em torno de R$ 19,5 bilhões. Santa Catarina perdeu até agora R$ 1,5 bilhão e no Mato Grosso do Sul a quebra é de R$ 1,6 bilhão. “Mas a situação, infelizmente, pode ficar ainda pior”, admitiu o secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, em encontro com a ministra no Sindicato Rural de Cascavel. “Essa crise está ‘roubando’ o equivalente a 6% do PIB paranaense”.
A quebra nos municípios produtores paranaenses chegam a 40%, de acordo com levantamento apresentado pela Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), por intermédio do Deral (Departamento de Economia Rural). No Oeste do Paraná, o cenário é bem mais nebuloso, com perdas estimadas em 71% da safra.
No mais recente relatório, as perdas com a soja já totalizavam 37,8% e no milho, chegando a 42%. Estimada inicialmente em 21 milhões de toneladas, a safra paranaense sofreu um duro golpe, com a produção caindo para 13 milhões de toneladas. Para as atividades da cadeia de proteína animal que dependem do farelo de soja e do milho, a alternativa será a importação e a aquisição em outros estados. A produção de leite é outra severamente afetada. Ao todo, serão 300 milhões de litros a menos e em relação a silagem, déficit de 4 milhões de toneladas. “Precisamos enfrentam isso com altivez”, destacou o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. “Vamos dar o tombo nessa crise”, completou.
De acordo com a MetSul Meteorologia, a seca que atinge os estados do Sul também afeta países do Cone Sul da América, causando um desastre de bilhões de dólares. Os prejuízos na agricultura da Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil podem se agravar pela continuidade da seca até o fim do verão.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)
Fotos: Ailton Santos/Portal 24h