AGRICULTURA
Milho: saiba como o clima afetou a produção no sul do país
A semeadura do milho da primeira safra, na temporada 2021/22, foi marcada, particularmente, na Região Sul do país, pela continuidade dos efeitos do clima, observados na mesma época do ano anterior, que foi caracterizado pelo atraso e inconstância das condições climáticas. De modo geral, a partir da segunda quinzena de outubro ocorreu a normalização do clima, com o concomitante incremento no plantio da primeira safra e a expectativa para o cereal, de uma safra cheia para os três plantios nacionais. No final de novembro, 75,5% das lavouras de milho primeira safra já havia sido semeadas no país.
OFERTA E DEMANDA
Para a safra 2020/21, a Conab apresenta a sua nova expectativa de produção de milho. É esperado uma produção total de 87 milhões de toneladas, ou seja, redução de 15,1% em relação à safra 2019/20. Esse ajuste ocorre diante da constatação em campo de uma significativa redução de produtividade daquela safra. Por outro lado, a Conab prevê uma produção de 117,2 milhões de toneladas para a safra 2021/22, diante de um aumento esperado de 28,1% da produtividade das lavouras.
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Em relação aos dados de demanda doméstica, a Conab projeta 72,3 milhões de toneladas a serem consumidas no ano safra 2020/21, um aumento de 5,4% quando comparada a 2019/20, a projeção é sustentada pelo desempenho das exportações da indústria de proteína animal e aumento do consumo de milho destinado à produção de etanol. Desse modo, a Conab espera que esses setores permaneçam em crescimento e, assim, 76,8 milhões de toneladas deverão ser demandadas internamente ao longo da safra 2021/22. Além disso, a Conab eleva sua projeção de importação de milho para 2,7 milhões de tonelada da safra 2020/21, diante da observação de maior volume em desembaraço aduaneiro nos portos secos.
Por outro lado, projeta um volume de 900 mil toneladas ao longo da safra 2021/22, a redução de 67% da internalização futura de milho ocorre devido à expectativa de aumento da disponibilidade do cereal no mercado nacional em 2022. Para as exportações, a Conab reduz as previsões para 19,2 milhões de toneladas de milho da safra 2020/21 a serem exportadas, o ajuste ocorre devido à observação da programação de embarques de grãos registrada nos portos brasileiros.
Para a safra 2021/22, diante do aumento da produção e de uma moeda doméstica desvalorizada, a Conab estima que 36,7 milhões de toneladas serão exportadas. Em relação aos ajustes apresentados, o estoque esperado ao fim do ano safra 2020/21 é de 8,8 milhões de toneladas, redução de 17% em comparação à safra anterior. Esse arranjo é explicado, principalmente, pela redução da produção total de milho causada pela menor disponibilidade hídrica durante o desenvolvimento das lavouras de segunda safra e acentuada queda das exportações do cereal. Por outro lado, para a safra 2021/22, a Conab espera que o estoque final deverá ser de 13,4 milhões de toneladas, dado que indica a recomposição da disponibilidade interna do cereal ao fim de 2022.
SUL DO BRASIL
Paraná
A cultura foi afetada inicialmente pelo clima mais seco, atrasando o plantio. Com as chuvas mais presentes em outubro ocorreu avanço do plantio, e em novembro foi finalizado. A nebulosidade presente no estado afetou o desenvolvimento em razão da falta de luminosidade. As lavouras estão em boas condições, nos estágios de desenvolvimento vegetativo e floração, embora o clima seco de novembro cause preocupações para os produtores, tendo em vista que o milho em fase reprodutiva possui alta demanda hídrica.
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Santa Catarina
Apesar dos prejuízos causados pelos ataques da cigarrinha na safra passada, estima-se uma redução de apenas 0,7% na área semeada, nesta safra, alcançando 343,7 mil hectares. Já foram semeados 97,13% da área prevista. Encontra-se em boas condições de germinação 1,62% da área plantada, em desenvolvimento vegetativo 51,16%, 31,58% já iniciaram o florescimento e 15,6% já se encontram em granação (formação e o enchimento dos grãos). As chuvas de setembro e outubro foram suficientes para a boa implantação da lavoura, mas em novembro ficaram aquém do ideal para a cultura. Em alguns municípios foi possível observar a murcha das folhas nos períodos mais quentes do dia.
Já a preocupação com a cigarrinha foi enfrentada com uma estratégia, até agora exitosa, que envolveu várias ações: eliminação das plantas remanescentes da safra anterior, opção por cultivares mais tolerantes ao enfezamento, tratamento de sementes voltadas ao controle da cigarrinha, com pulverizações precoces e sequenciais de inseticidas específicas para a praga. Concomitantemente às ações dos produtores, as geadas na entressafra e as chuvas volumosas de outubro contribuíram para manter baixos os níveis populacionais da praga e praticamente inexistem os sintomas do enfezamento das plantas na fase reprodutiva, fase na qual a expressão dos sintomas é mais visível. Cerca de 90% da área plantada se encontra em boas condições.
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Rio Grande do Sul
A semeadura do milho avançou em novembro, embora a maior parte já havia sido plantada, chegando a 85%. Restam áreas a semear no Planalto Superior, Centro e no Sul. O restante será semeado em janeiro, após a colheita de feijão, milho silagem e fumo. No momento, 2% da área se encontram em germinação, 40% em desenvolvimento vegetativo, 33% em floração, 18% em enchimento de grãos e 7% em maturação. As condições climáticas de novembro não foram boas para a cultura do milho, já que ocorreram vários dias com elevadas temperaturas associada com déficit hídrico, coincidindo com o período crítico de definição do rendimento da cultura.
Embora com potenciais produtivos variados, as perdas já se acumulam, dependendo da fase em que a cultura se encontra. A região mais afetada é a Central e parte do Planalto Médio, Missões, Alto Uruguai e o restante do Planalto Médio também tiveram perdas de potencial, embora em níveis menores, até o momento. Na Campanha e Sul, a situação é semelhante, obrigando produtores a cessar a semeadura até que a umidade seja restabelecida. As previsões para os primeiros 15 dias de dezembro não são boas, o que deve acentuar as perdas já estimadas.
EXPECTATIVAS
As previsões que envolvem o plantio do milho segunda e terceira safras, para o período 2021/22, seguem modelos com metodologia própria da Conab, relacionando dados subjetivos e análises estatísticas de registros históricos estaduais para essas lavouras. O cenário visualizado é de incremento geral em razão da importância dessas três etapas de produção para o quadro geral de suprimento brasileiro, respaldadas pelas condições estimulantes dadas pelo mercado, tais como: necessidade de recomposição dos estoques, a produção brasileira de etanol à base do cereal, aumento nacional nos níveis de confinamento, aumento da produção brasileira de proteína animal e da participação cada vez crescente do milho em grãos, nas exportações do agronegócio.
Por essa razão, a estimativa nacional de milho, para a temporada 2021/22, considerando o terceiro levantamento realizado pela Conab e da metodologia aplicada para os registros da segunda e terceira safras, deverá apresentar área plantada totalizando 20.939,3 mil hectares, um incremento de 5,1% em relação ao ocorrido na safra passada, com previsão da produção ancorada na expectativa de que, nesta safra, venha ocorrer importante melhoria nos níveis de produtividades, atingir 117.181,5 mil toneladas, representando crescimento de 34,6% em relação ao exercício anterior.
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Na temporada 2020/21, os números do milho da segunda safra mostraram a forte influência dos efeitos do clima, especialmente na Região CentroSul, quando ocorreram precipitações abaixo da média, afetando o desenvolvimento das lavouras e, no período final, a surpresa com a ocorrência de geadas, comprometendo definitivamente os níveis de produtividade. Neste exercício a área cultivada atingiu 14.999,2 mil hectares, com a produção encerrada com 60.740,6 milhões de toneladas, redução de 19,1% em relação à safra passada.
MILHO TERCEIRA SAFRA – 2020/21
Para a terceira safra de milho desta temporada, as estimativas dão conta de uma área plantada atingindo 585,3 mil hectares, incremento de 9,2% em relação ao exercício passado. A produção, no entanto, foi duramente afetada pelas condições climáticas adversas nos diversos estados produtores da região do Sealba, atingindo 1.586,9 mil toneladas, redução de 16,8% em relação à safra 2019/20.
(FONTE: Conab – Foto: Embrapa)