PECUÁRIA
Paraná lança projeto para disseminar a raça Purunã
Animal de grande porte, carne macia, abate precoce e fácil adaptação. Essas são algumas das características da raça do bovino de corte Purunã, que nasceu no Paraná e comemora cinco anos do seu reconhecimento oficial pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para celebrar a marca, o Governo do Estado, por meio IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) lançou o projeto Unidades Referência Purunã, que vai ajudar a disseminar a raça pelo Estado.
O projeto prevê a capacitação de técnicos e a seleção de produtores para criação de animais com a assessoria do IDR-Paraná. Nesta quinta e sexta foi realizada a primeira etapa. Técnicos das regiões dos Campos Gerais e do Vale da Ribeira participaram de um treinamento para conhecer melhor as características da raça. Na segunda etapa, estes mesmos técnicos serão capacitados para dar assistência a alguns produtores, que serão escolhidos pelo IDR-Paraná, para receber touros da raça pura para reprodução.
Para o presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, a expectativa deste projeto é contribuir ainda mais com a agricultura paranaense. “O Purunã é desenvolvido aqui no Estado, mas vai para o Brasil todo por ser um animal de fácil manejo e que se adapta à diferentes climas”, disse.
“Temos a missão de continuar com a disseminação dessa raça e de atender àqueles produtores que precisam da ajuda do Estado. E, com o lançamento deste projeto, teremos as condições necessárias”, afirmou.
Os animais foram desenvolvidos na fazenda-modelo do IDR-Paraná que fica em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. No local, hoje, existem cerca de 1.600 cabeças de gado.
Tecnicamente, Purunã é um bovino composto. Isso significa que resulta de cruzamentos entre outras raças, como Charolês, Aberdeen Angus, Caracu e Canchim. Ao associar o melhor dessas quatro raças os especialistas apontam que animais Purunã são capazes de manter o alto desempenho em diversas condições de relevo e de temperatura ambiente. Com isso, interessam aos mais variados perfis de criadores, do mais simples ao mais especializado, para uso em confinamento ou manejados em pastagem.
RETORNO – Para o produtor Olair Antonio Gonçalves de Lara, que trabalha exclusivamente com a raça Purunã desde 2007 e já possui mais de 60 cabeças de gado em sua propriedade, que fica em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, a raça vale o investimento e traz um ótimo retorno.
Também são pontos de destaque do Purunã a distribuição equilibrada de gordura e o elevado rendimento da carcaça, assim como a alta qualidade da carne, que tem excelente marmoreio, de acordo com os técnicos. Denomina-se marmoreio a gordura entremeada nos cortes, que dá maciez, suculência e sabor amanteigado à carne.
Para o pesquisador José Luís Molleta, que participou do desenvolvimento do Purunã, são muitos os pontos que fazem com que esta raça seja exclusiva e agregue características de interesse do produtor e do consumidor. “É a única raça de bovino para corte criada no Brasil por um centro estadual de pesquisa e suas características fazem com que o Purunã ganhe cada vez mais adeptos”, comentou.
ASSOCIAÇÃO – Para que a oficialização da raça fosse efetivada foi necessária a criação da Associação Brasileira do Purunã, que auxilia tanto na disseminação da raça quanto na organização dos produtores. O secretário da associação, Erlon Pilati, diz que os mais de 40 produtores estão satisfeitos com o retorno obtido.
“O Purunã é um patrimônio do Paraná e a pesquisa do Estado foi muito feliz e satisfatória na ideia, trouxe progresso para os produtores do País, inclusive para os pequenos e médios”, afirmou.
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De acordo com Luís Fernando Brondani, coordenador do programa de bovinocultura de corte do IDR-Paraná e responsável pelo projeto de fomento da raça, o Purunã já está em quase todos os estados. “Após a capacitação destes técnicos vamos escolher, a dedo, as propriedades para receberem reprodutores para produzir bezerros mestiços que tenham alto valor agregado na hora da venda e, desta forma, ampliar a oferta da carne nos mercados”, comentou.
INVESTIMENTO EM PESQUISA – A ideia de desenvolver uma nova raça surgiu ainda no início da década de 1980, em Ponta Grossa, a partir de bons resultados obtidos em uma investigação que os pesquisadores do IDR-Paraná conduziam sobre a eficiência na produção de carne em cruzamentos alternados envolvendo Charolês-Caracu e Aberdeen Angus-Canchim.
Foram quase quatro décadas de cruzamentos e seleções sucessivas e controladas até que foi possível agregar os melhores atributos de cada uma delas. Todo o trabalho de desenvolvimento da raça foi conduzido na Estação Experimental Fazenda-Modelo, próxima à Serra do Purunã, que a homenagei com o nome.
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FONTE – AEN