AGRICULTURA
Incertezas rondam mercado de fertilizantes
#souagro | Os preços dos fertilizantes se aproximam dos patamares recordes registrados em 2008 e sem perspectivas de melhora a curto e médio prazos. A grande pergunta é: o que pode acontecer com o mercado de fertilizantes no Brasil? Há uma diferença latente em relação a 13 anos atrás. Naquela época, os preços estavam elevados por conta da valorização do barril do petróleo, mas em contrapartida, havia matéria-prima no mercado, bem diferente do cenário observado atualmente.
Para o analista de fertilizantes das Agrinvest, Jéferson Souza, os preços dos fertilizantes continuam subindo semana após semana, que o digam os produtores rurais, já castigados por uma série de aumentos nos últimos dias. “Não consigo enxergar um horizonte de recuperação a curto e nem médio prazo. O cenário segue com bastante dúvidas em relação ao fornecimento e preços, deixando o produtor preocupado”, pontua o analista.
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De acordo com Jéferson Souza, há uma restrição da oferta de matéria-prima e junto a isso, a elevação nos preços. “O consumo de fertilizantes para aplicação no campo aumentou muito no Brasil e no mundo, muito por conta do aumento da área plantada tanto da soja como do milho safrinha”. Por outro lado – continua ele, não podemos esquecer que a oferta não conseguiu acompanhar esse aumento de área tão expressivo. Outro agravante envolve a China, nosso principal fornecedor de fertilizantes. “A partir de 2015, a China passou a reduzir em 30% sua produção interna de fertilizantes, provocando impacto e afetando todo o globo”.
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Para se ter uma ideia, a China é responsável pela exportação de 75% do volume de sulfato de amônio para o Brasil. “Há rumores de que a China interromperá por completo as exportações de fertilizantes para o mundo”, alerta o analista. A redução das negociações também tender a ocorrer até o fim do ano e primeiro semestre de 2022.
A alternativa do Brasil e de outros países será a de buscar a matéria-prima em outros países fabricantes. A Bielo Rússia seria um deles, mas há entraves diplomáticos que podem comprometer este processo. “A Bielo Rússia é responsável por 20% da produção global de cloreto de potássio e questões de mercado envolvendo Estados Unidos e União Europeia pode provocar um significativo impacto nas exportações”.
Nos nove primeiros meses deste ano, o Brasil importou mais de 24 milhões de toneladas de fertilizantes, resultando em um crescimento de 13%. Estimativas dão conta de que o Brasil dever superar a marca de 44 milhões de toneladas entregues em 2021. De 2019 para 2021, foram oito milhões de toneladas de fertilizantes desembarcadas nos portos brasileiros.
O Brasil é o quarto mercado de fertilizantes do mundo, atrás da China, Índia e Estados Unidos. Em virtude do aumento da área plantada, é questão de tempo para o Brasil ultrapassar os Estados Unidos nesse quesito.
Boa parte dos produtores anteciparam as compras dos insumos e não estão estariam sentindo esse reflexo de maneira tão intensa. O cenário mais preocupante será o que envolverá a safra 2022/23. Em relação à safrinha de milho, cujo cereal é mais dependente de fertilizantes, o que deverá ocorrer é uma redução da área plantada.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)