Sobre a imagem de satélite, as linhas amarelas indicam os perímetos de imóveis rurais no CAR; os pontos verdes, a localização de estabelecimentos agropecuários visitados durante o Censo 2017 - Photo: Embrapa Territorial
AGRICULTURA

Agronegócio brasileiro preserva 33,2% do território brasileiro, diz Embrapa

Sobre a imagem de satélite, as linhas amarelas indicam os perímetos de imóveis rurais no CAR; os pontos verdes, a localização de estabelecimentos agropecuários visitados durante o Censo 2017 - Photo: Embrapa Territorial
Amanda Guedes
Amanda Guedes

As áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa pelo mundo rural brasileiro somam 282,8 milhões de hectares e representam 33,2% do território brasileiro. Os números vêm de um novo estudo feito pela Embrapa Territorial, com o geoprocessamento dos dados do Censo Agropecuário 2017 e do Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), estes últimos atualizados até fevereiro de 2021. Os materiais e métodos utilizados no trabalho e o detalhamento de números e mapas em nível de município estão disponíveis aqui.

Desde 2016, a Embrapa Territorial desenvolve e aprimora métodos para quantificar o papel da agropecuária na preservação da vegetação nativa, em áreas de preservação permanente, reserva legal e vegetação excedente. Os estudos são feitos com o geoprocessamento dos dados cartográficos sobre a vegetação nativa, registrados pelos próprios produtores rurais sobre imagens de satélites no CAR, uma exigência do Código Florestal Brasileiro.

No entanto, muitos imóveis rurais ainda não se registraram no CAR. O novo estudo utilizou os dados georreferenciados do Censo Agropecuário 2017 como um complemento, para obter o volume de terras dedicadas à preservação nesses casos. O Censo Agropecuário do IBGE de 2017 incluiu as coordenadas geográficas dos estabelecimentos agropecuários visitados pelos recenseadores, bem como os trajetos por eles percorridos. “Dispor das coordenadas geográficas de quase 6 milhões de estabelecimentos agropecuários permitiu quantificar, em 2021, quem ainda não se cadastrou no CAR e identificar os padrões de sua repartição territorial”, informa o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, coordenador da pesquisa.

– Photo: Embrapa Territorial

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Estabelecimentos sem CAR

A Embrapa Territorial cruzou as coordenadas geográficas de 5.063.771 estabelecimentos agropecuários do Censo 2017 com os perímetros de 5.953.139 imóveis registrados no CAR até fevereiro de 2021 e identificou 1.885.955 estabelecimentos sem cadastro no SiCAR.

Com os dados médios de vegetação nativa levantados pelo Censo do IBGE, a Embrapa Territorial estimou em 55.443.219 de hectares as áreas dedicadas à preservação nos estabelecimentos não registrados no SiCAR. Isso equivale a 6,5% do território nacional. Já as áreas mapeadas pelos produtores no CAR até fevereiro de 2021, como dedicadas à vegetação nativa, chegam a 227.415.630 hectares ou 26,7% do Brasil. A soma desses dois números resulta em um terço do território brasileiro destinado à preservação pelo mundo rural, a maioria em terras privadas.

O cadastramento no CAR exige acesso à internet, conhecimentos de geoprocessamento e suporte técnico. A análise da repartição espacial dos produtores não registrados no CAR pela Embrapa mostra sua concentração na Amazônia, no semiárido Nordestino e em locais de agricultura familiar. A pesquisa indica, por município, o avanço da informatização e da conexão no campo e os locais onde isso ainda não ocorreu. “No CAR é o produtor quem vai em direção ao Estado registrar seus dados. No Censo Agropecuário, é o Estado quem envia seus recenseadores em direção do produtor, onde quer que ele esteja”, explica Miranda. O pesquisador acrescenta que “os novos métodos de integração do Censo com o CAR permitem uma compreensão inédita da territorialidade da agricultura brasileira, de sua produção e de seus serviços ambientais, ao destinar à preservação da vegetação uma área equivalente a um terço do território nacional”.

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FONTE – EMBRAPA

(Amanda Guedes/Sou Agro)