PECUÁRIA

Os casos de vaca louca vão refletir no Paraná?

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

#souagro | Os dois casos de vaca louca confirmados no sábado (4) pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, podem pressionar para baixo os preços da proteína animal mais consumida pelo brasileiro? Essa é a grande pergunta que não quer calar desde a oficialização dos casos.

Ao conversar com a equipe de reportagem do Portal Sou Agro, o gerente de Saúde Animal da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Rafael Gonçalves Dias, disse que, mesmo antes da conclusão das investigações, houve uma grande mudança no mercado da carne bovina, a começa pela suspensão cautelar da exportação para o mercado chinês. Ao lado de Hong Kong, a China importa mais de 60% da carne bovina brasileira.

No Paraná, não há plantas industriais dedicadas à exportação da carne de boi, ou seja, sem impacto direto. “Já nos abatedouros localizados em outros estados, com potencial de exportação, haverá algum impacto na escala de abate, obrigando-os a redirecionar para o mercado interno e suspender o abate por um certo tempo”.

No Paraná, com exceção do preço da arroba, o cenário voltará em breve à normalidade. Apesar disso, a tendência é a de reduzir o valor da carne para o consumidor, entre 10% e 15%. “Mas isso dependerá muito de como as indústrias vão trabalhar com a questão do volume de abate, até para manter os preços da forma como estão”, frisa. “Em um primeiro momento, os criadores de bovinos são os principais afetados, em virtude do valor da arroba. Mas para o consumidor final, fica essa incógnita”.

Clique aqui  e faça parte do grupo de WhatsApp do Sou Agro e fique bem informado

ENTENDA OS CASOS

O Brasil confirmou dois casos de vaca louca atípica nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso. Ele é diferente da forma clássica, por acometer vacas velhas e de maneira espontânea, sem interferência externa. Diferente da forma tradicional, quando o animal doente entra no ciclo da alimentação, vai para o abate, vira farinha e outro animal se alimenta da farinha contaminada, gerando o ciclo onde há a contaminação de forma exponencial. A atípica é diferente.

O governo federal faz uma vigilância constante, nos abatedouros de todo o Brasil, dedicados a abater bovinos. “Foi então que foram detectados animais que chegaram em decúbito no abatedouro. Como de praxe, foi feita a coleta de amostras para exames, confirmando a vaca louca atípica”.

O Brasil já registrou dois casos de vaca louca atípica no Brasil há alguns anos. Em 2010, no Paraná e no Mato Grosso, em 2019, nesse último ocorrendo a suspensão por 30 dias de exportação de carne bovina para a China, sem maiores consequências.

A Organização Mundial da Saúde informou nesta segunda-feira que os dois casos registrados em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canãa (MT), não representam risco para a cadeia de produção bovina para o País. Essa decisão poderá provocar a revisão da decisão de suspensão das exportações por parte da China.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

(Sirlei Benetti/Sou Agro)