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Carne mais cara do mundo é recriada com impressão 3D

Amanda Guedes
Amanda Guedes

Pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão fabricaram a primeira carne Wagyu impressa em 3D no mundo a partir de células-tronco isoladas do gado japonês. À olho nu, é impossível identificar que aquilo se trata de um produto feito em laboratório: o bife tem músculos, gordura, vasos sanguíneos e a coloração idêntica de uma carne comum.

O Marbled Wagyu Beef é uma das carnes bovinas mais procuradas do mundo devido a teor de gordura, aparência, textura e sabor únicos. Como só é encontrada nas vacas japonesas do tipo Wagyu, o preço é muito elevado. Sabendo disso, vários cientistas já fizeram experimentos similares para tentar reproduzir essa “mina de ouro” de proteína, mas os resultados se assemelhavam apenas a carnes picadas compostas de fibras musculares simples, bem diferente da complexa estrutura marmorizada dos bifes reais.

É justamente pela aparência difícil de reproduzir que a impressão 3D do bife Wagyu se mostrou tão impressionante. A equipe de pesquisadores foi capaz de replicar uma qualidade grande da carne usando uma técnica especial, sem impacto ambiental, o que pode abrir caminho para uma cultura produtiva mais sustentável.

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Células-tronco da carne

Para chegar ao resultado, foi necessário usar dois tipos celulares distintos: células-tronco e células satélites, ambas extraídas do tecido adiposo das vacas Wagyu. O procedimento foi milimetricamente explicado na publicação divulgada na revista científica Nature Communications.

Essas células foram incubadas e persuadidas a se transformarem nos diferentes tecidos que comporiam a carne. Assim, foi preciso recriar fibras musculares, gordura e vasos sanguíneos, com tudo isso sendo organizado em uma bioimpressora 3D para recriar, com precisão artística, o visual marmorizado do bife.

Feito isso, os pesquisadores reaplicaram uma técnica antiga e artesanal para a produção de um doce japonês chamado Kintaro, no qual se cria um longo tubo que é cortado em fatias redondas. A carne foi replicada no tamanho tradicional dos bifes e fatiadas perpendicularmente para ficar com a aparência exata à esperada.

Obviamente que esse processo tão difícil precisa de otimização para ser refeito em maior escala, mas o preceito pode ser usado para produção de outras estruturas igualmente complicadas. “Ao melhorar esta tecnologia, será possível não apenas reproduzir estruturas complexas de carne, como o belo sashi (aparência) da carne Wagyu, mas também fazer ajustes sutis nos componentes de gordura e músculo”, explicou uma das autoras do estudo, Michiya Matsusaki.

A meta futura é simplificar o processo para que os custos de produção caiam a ponto de o bife sintético ser mais barato do que o natural. Também ainda não dá para saber em quanto tempo essa técnica poderia ser levada ao mercado, mas os criadores parecem animados.

Segundo uma pesquisa da Markets and Marketes, a indústria de fabricação de carne a partir de células pode valer mais de US$ 214 milhões (cerca de R$ 1,07 bilhão) até 2025. Esse tipo de projeto já está nos planos de grandes indústrias alimentícias como a Cargill e a Tyson Foods e deve abarcar a produção de carnes de aves, porcos, patos, frutos do mar, além da bovina.

Pelo que tudo indica, em breve, será possível comer carne mais saudável e sem peso na consciência. Você teria coragem de provar esse bifão feito em laboratório?

FONTE: Nature communications

 

(Amanda Guedes/Sou Agro)