AGRICULTURA

Falta de herbicida ameaça próximas safras

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

#souagro | Está faltando herbicida nas revendas. O cenário é preocupante, justamente por estarmos próximos de iniciar uma safra importante para o desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil, que é a Safra de Verão. Essa carência de herbicida nunca foi vista antes, de acordo com Lucas Bortoli, gerente comercial da Plantar, em Cascavel.

A demanda pelo produtor aumento de maneira significativa em todo o mundo. Hoje, 90% dos herbicidas têm procedência chinesa. Lucas Bortoli explica o que pode estar acontecendo. “Existem indústrias na China com 10 sessões de produção e o perfil de cada uma é multiuso, ou seja, produzem fungicida, inseticida e herbicida”, comenta. O produto que estiver capitalizando melhor e com uma margem de lucro favorável, as linhas de produção dedicam mais atenção e pode ter ocorrido que a do herbicida, por um momento, pode ter ficado em segundo plano. Outro fator impactante é a pandemia do novo coronavírus. Uma grande indústria, por exemplo, fechou as portas por 15 dias em virtude de casos da Covid-19. “Hoje, se eu quiser comprar glifosato para revenda, consigo ter acesso apenas a cotas mínimas e hoje o mercado está aberto apenas à aquisição escalonada”.

Essa falta do herbicida gera ainda alta nos custos. A expectativa é de que no próximo ano, esse cenário se normalize. “Chegamos a encomendar 40 mil litros de hercibida, mas a empresa vai entregar apenas 10 mil litros, sem prazo de entrega estabelecido”, salienta Lucas Bortoli, da Plantar.

A cotação da saca da soja em plena valorização, provocou o aumento da área plantada e com isso, fazendo com que o produtor invista mais a adquira mais herbicida. Se o cenário de déficit permanecer, os preços devem sofrer novos aumentos. “O glifosato, por exemplo, custava R$ 20 reais e hoje já se fala em R$ 40, praticamente dobrou de valor”, comenta Lucas.

Há mais de duas décadas vivendo dos frutos gerados pelo campo, o agricultor Aristeu Koiti Akashi, morador de Campo Mourão e com propriedade de 240 hectares no município de Luiziânia, dedicada ao cultivo de soja, milho e trigo, disse ao Portal Sou Agro que essa escassez não é só de herbicidas, mas de outros produtos importantes, como por exemplo o Triclon, eficiente para dessecação na pré-semeadura e para o controle da buva. “Daqui a 10, 15 dias, já precisamos iniciar a dessecação da área e ainda não temos esse produto, que é o mais recomendável. Se nos próximos dias a situação não se normalizar, vamos ser obrigados a recorrer a produtos menos eficientes, gerando a necessidade de um número maior de aplicação e gerando aumento nos custos”, observa o produtor.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)