PECUÁRIA
As 10 principais raças de gado de corte
A produção de carne bovina é uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil. Para os pecuaristas, a prática tende a ser bastante rentável, desde que alguns cuidados sejam tomados, e certos pontos, avaliados. Por exemplo, conhecer bem as raças de gado de corte é fundamental para entender o quanto as características dos animais impactam a produção.
Isso porque cada linhagem se adapta de maneira diferente aos diversos biomas brasileiros, bem como apresenta resultados ímpares de produção — fruto dos melhoramentos genéticos promovidos. Portanto, ao calcular o custo de produção do gado de corte, o pecuarista deve saber exatamente em que está colocando seu dinheiro, para ter certeza de que é um investimento seguro.
1. Angus
A raça Aberdeen Angus é uma das mais conhecidas do Brasil, tendo grande destaque nos mercados de carne bovina nacional e internacional. A qualidade da carne é a principal responsável por esse reconhecimento, já que ela apresenta excelente habilidade para o marmoreio, além de uma cobertura de gordura espessa e uniforme.
Contudo, existem outros fatores que justificam o sucesso da raça na pecuária de corte. A alta fertilidade, a precocidade e a facilidade de parto asseguram um ótimo retorno financeiro aos produtores.
A precocidade não se refere somente ao fato de as fêmeas iniciarem o ciclo reprodutivo entre os 14 e os 18 meses, mas também ao seu rápido crescimento e terminação.
A raça, originária da Escócia, possui uma carne de qualidade com 3mm a 6 mm de espessura de gordura e com alto grau de marmorização, atendendo tanto para mercado interno e como o externo, tendo se adaptado muito bem ao clima do pampa gaúcho, mas respondendo de maneira igualmente produtiva em regiões mais quentes do país.
Como se não bastasse, esses animais são mochos e dóceis, o que facilita o manejo dentro da porteira. Para muitos especialistas, Angus é uma raça completa de gado de corte.
2. Nelore
O Nelore é uma raça bovina originária da Índia. Esses animais foram trazidos para o Brasil com o objetivo de melhorar o gado nativo e constituem a raça que mais recebe seleção, resultando em ótimos índices produtivos.
Calcula-se que cerca de 80% do rebanho nacional de corte é composto por bovinos Nelore ou anelorados, sendo a raça predominante nas fazendas da região central do país. São animais grandes, que alcançam bom desenvolvimento, e são direcionados exclusivamente à produção de carne.
O apreço dos pecuaristas se deve à rusticidade da raça que, por apresentar muitas glândulas sudoríparas, adapta-se bem às regiões quentes do Brasil. Além disso, a pelagem é espessa, o que confere boa proteção ao ataque de parasitas — isso significa que o produtor pode ter menos gastos com medicamentos.
As fêmeas têm partos fáceis, além de serem protetoras com seus bezerros. Estes, por sua vez, nascem fortes e sadios, o que faz com que a perda de bezerros seja mínima. Ademais, as carcaças do Nelore podem alcançar 20 arrobas aos 26 meses, com rendimento de 50 a 55% em uma dieta de pastagens. Para completar, também toleram bem as restrições alimentares.
3. Brahman
O Brahman teve origem nos EUA e é resultado de cruzamentos entre importantes raças zebuínas, que tiveram início com um gado brasileiro predominantemente Guzerá, com participação de Gir e de Nelore. As seleções visavam ao desenvolvimento de animais tolerantes à umidade, ao calor, aos endo e ectoparasitas e a determinadas doenças.
Os cruzamentos das linhagens resultaram em uma raça que herdou a qualidade da carne, a precocidade dos bezerros e a fácil adaptação ao clima tropical brasileiro, suportando bem as pastagens mais grosseiras. São animais que costumam dar ótimos rendimentos aos produtores, tanto na produção de carne quanto na reprodução.
Ou seja, os pecuaristas podem usar os touros para fortalecerem seus rebanhos. As fêmeas são bastante utilizadas em programas de inseminação artificial, em transferência de embriões e em fertilização in vitro.
4. Brangus
O Brangus é uma raça fruto dos cruzamentos entre Brahman e Aberdeen Angus, aprimorados simultaneamente nos EUA, no Brasil, na Austrália e na Argentina. As seleções tinham como objetivo aumentar a rusticidade das raças europeias e diminuir a vulnerabilidade a parasitas, com a contribuição das raças zebuínas.
Os Brangus também apresentam precocidade sexual, habilidades maternas e excelente acabamento de carcaça e marmorização da carne. São animais muito utilizados em confinamento por se adaptarem bem e terem um elevado ganho de peso.
5. Senepol
O Senepol tem uma história recente no Brasil, já que chegou aqui nos anos 2000. Mesmo assim, o país já é referência no melhoramento genético da raça, e a carne tem sido cada vez mais encontrada nos frigoríficos nacionais.
Esses animais têm um crescimento acelerado e um ciclo de engorda curto, o que os torna prontos para o abate mais precocemente. Além disso, têm uma excelente conversão alimentar, e seus bezerros têm maior peso ao desmame, sendo vendidos por valores acima da média do mercado de reposição.
São altamente adaptáveis a qualquer dieta e tolerantes ao calor, à umidade e aos parasitas. Também são longevos e têm alto desempenho reprodutivo. Essas características fazem com que eles sejam mais utilizados em cruzamentos industriais e para aumentar o número de sobreviventes ao parto nas fazendas.
6. Hereford
A raça tem origem na Inglaterra, mas os primeiros exemplares chegaram ao Brasil pela Argentina e pelo Uruguai. A sua performance, combinada à praticidade no manejo, torna esses animais muito populares em várias regiões do mundo, reconhecidos como raça básica.
São bovinos de grande porte e notável estrutura muscular. No entanto, são mochos e bastante dóceis no campo. Têm elevada fertilidade, longevidade e eficiência alimentar, além de serem rústicos e apresentarem ótima adaptabilidade a diversos sistemas de produção.
Os Hereford têm excelente capacidade de engorda e de acabamento de carcaça, chegando ao peso ideal para o abate entre os 20 e os 26 meses, em média. A gordura da carcaça é bem distribuída, o que dá à carne o aspecto marmorizado e uma elevada qualidade que garante destaque no mercado.
7. Caracu
O Caracu tem procedência direta de antigas raças ibéricas e portuguesas e está no Brasil desde o período colonial. Após quatro séculos sendo criados sob condições adversas, como clima forte, alimentação escassa e parasitas diversos, a seleção natural moldou animais rústicos. Assim, suas características revertem boa rentabilidade para os criadores.
É seguramente a raça europeia mais bem-adaptada ao clima tropical brasileiro, apresentando resistência ao calor e a endo e a ectoparasitas. Seus cascos também resistem bem, tanto a solos duros como a encharcados, e as fêmeas têm facilidade no parto.
O Caracu apresenta menor exigência alimentar, tem aptidão dupla e tem sido aproveitado em cruzamentos para aumentar a rusticidade de outras raças. Os machos cobrem em campo, o que facilita o manejo reprodutivo.
8. Charolês
A raça Charolês tem origem francesa, especificamente no distrito de Charolles, onde foi criado por fornecer carne de excelente qualidade e palatabilidade. Os animais também sempre foram utilizados como força de tração, pois são musculosos, grandes e pesados.
Apresentam alto rendimento de carcaça (tanto a pasto quanto em confinamento), com pouca gordura superficial e elevada marmorização. A raça é conhecida pela precocidade nos cruzamentos e nos abates.
O Charolês também é muito utilizado em cruzamentos industriais. Como a pele, os chifres, os cascos, o focinho e as mucosas não são pigmentados, a raça é mais bem-adaptada ao clima temperado.
9. Tabapuã
O Tabapuã surgiu do cruzamento entre as raças Guzerá, Nelore e Gir e é conhecido como o “zebu brasileiro”. O nome faz referência ao local de origem da raça, interior do estado de São Paulo. Entre características mais marcantes do Tabapuã estão a precocidade, a fácil fertilização e a docilidade.
É a primeira raça zebuína mocha, e o seu melhoramento genético tem critério econômico, já que animais mochos apresentam vantagens na estabulação e no transporte. Os criadores buscam desenvolver o rendimento da carcaça, o ganho de peso e a precocidade, em detrimento das características raciais, que são supervalorizadas em outros animais.
Como gado de corte, o Tabapuã já demonstrou seu potencial em provas de ganho de peso e, na produção leiteira, tem respondido de modo surpreendente aos estímulos de seleção zootécnica.
O sucesso da pecuária brasileira se deve a muitos fatores, mas a busca por linhagens mais produtivas e resistentes foi responsável por nossos resultados mundialmente reconhecidos. Entender as características das raças de gado de corte é uma das principais incumbências dos produtores para que a sua produtividade e a sua rentabilidade sejam maximizadas.
10. Purunã
Animal forte, robusto e que tem se adaptado em boa parte do Brasil e países do Mercosul. Estou falando da raça Purunã que foi desenvolvida por pesquisadores do antigo IAPAR, hoje IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná).
Os estudos começaram no início da década de 80 com a proposta de entregar aos pecuaristas uma raça pronta, capaz de reunir grande parte das qualidades de mestiços obtidos pelo cruzamento entre animais Caracu, Canchim, Aberdeen Angus e Charolês.
O resultado obtido, após mais de 30 anos de estudos, foi a raça Purunã, cujo nome é uma homenagem à Serra do Purunã, que delimita os Campos Gerais do Paraná e fica próxima à Fazenda-Modelo, em Ponta Grossa, onde os cruzamentos e pesquisas foram desenvolvidos.
Por ter em sua composição racial 25% de Caracu e 10% de Zebu, o Purunã é um animal rústico, tolerante ao calor e resistente ao carrapato e a outros parasitas. Com 40% de Charolês no genótipo, animais Purunã têm alta velocidade de ganho de peso e produzem carcaças que fornecem alto rendimento, com elevada porcentagem de carnes nobres e pequena capa de gordura.
Outras características do Purunã, asseguradas pela contribuição do Angus em sua formação, são a precocidade, o tamanho adulto moderado, o temperamento dócil, o marmoreio e a maciez da carne. Além dessas características, as vacas Purunã apresentam boa produção de leite e excelente habilidade materna, atributos herdados do Caracu e do Angus.
FONTE: Sou Agro com Nutrição e saúde animal
Foto: Divulgação