AGRICULTURA

Milho rompe a barreira dos R$ 100

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

 

#souagro | Pela segunda vez no ano, a saca do milho rompeu a barreira dos três dígitos e hoje está cotada a R$ 101 em várias praças produtoras, como a de Cascavel. Essa reviravolta é atribuída as geadas que voltaram a provocar danos nas lavouras do Paraná e em vários outros estados. É importante esclarecer que este preço acima dos R$ 100 é com relação aos lotes disponíveis, diferente do preço praticado junto ao produtor, o chamado preço de balcão.

Hoje, a saca no mercado de balcão das cooperativas oscila entre R$ 93 e R$ 95, ou seja, o produto que vem do campo, precisando de secagem e limpeza. Se a cooperativa não fosse utilizar este produto para integração própria, este grão, uma vez seco e limpo, iria para o mercado de lotes disponíveis e seu valor passaria a ser superior

O analista de mercado da Granoeste, Camilo Motter, concedeu entrevista na manhã desta terça-feira (20 ao jornalista do Portal Sou Agro, Vandré Dubiela. Segundo ele, esse é um ano complicado para a cultura do milho. “Três situações precisam ser pontuadas: o atraso no plantio como consequência do efeito dominó provocado pelo comprometimento da semeadura de soja no segundo semestre do ano passado, a seca alongada em toda a região produtora no início deste ano e agora as severas geadas registradas em vários municípios paranaenses e também em outros estados. “Isso fez com que o preço da saca do milho voltasse a um patamar elevado, próximo do registrado no mês de maio, quando a saca atingiu R$ 110”, recorda Camilo Motter.

 

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Essa onda de sinistros climáticos provocará uma considerável redução na produção na safrinha de milho em todo o País, ficando na casa de 55 milhões de toneladas. “Diante desse cenário, os preços voltaram a subir forte. Antes da geada, a saca estava cotada a R$ 85”. Uma coisa é certa, conforme o analista de mercado, os preços do milho vão se manter altos. “Os preços internos não serão balizados pela exportação, mas sim pela importação”, explica. Para suprir a cadeia alimentar, será preciso importar o grão de outros centros produtores, como Estados Unidos, Ucrânia e Argentina. “Tivemos muitas operações conhecidas como Wash Out, ou seja, de recompra de posições vendidas anteriormente. Muitas empresas não conseguiram renegociar e terão de cumprir os contratos de exportações, algo de torno de 12 a 15 milhões de toneladas”, revela Camilo Motter. Esse cenário fará o Brasil vivenciar uma situação inusitada. “O mesmo caminhão ou vagão que transportará o milho até os portos para exportação, voltará para suas origens carregado com milho importado para suprir a demanda interna”.

Essa situação atípica em relação ao milho, obrigará o Brasil a importar um volume histórico do grão. A tendência é de quebra de recorde nas importações da commodity. Os preços internacionais atrelados a Chicago e ao câmbio também serão definidores. “A seca no cinturão de produção americano tem castigado o norte dos Estados Unidos”, salienta. Para Motter, o fato de o Brasil ser obrigado a importar uma quantidade considerável de grãos (ainda é muito cedo para mensurar), coloca uma certa pressão em países exportadores como Estados Unidos, Ucrânia e Argentina.

Com relação a Chicago, os contratos com vencimento em dezembro apresentam alta de 2,48%. Com base no relatório do USDA de 18 de julho, a safra americana estava configurada da seguinte forma: 65% entre boas e excelentes condições; 26% regular e 9% de ruim para muito ruim. Já o dólar comercial apresenta queda de 0,26%, a R$ 5,236.

(Vandré Dubiela/ Sou Agro)

 

(Sirlei Benetti/Sou Agro)