AGRICULTURA

Brasil deve exportar recorde de 86,7 milhões de toneladas de soja em 2021

Amanda Guedes
Amanda Guedes
A exportação de soja do Brasil em 2021 deverá atingir um recorde de 86,7 milhões de toneladas, estimou a associação da indústria Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) elevando em 1 milhão de toneladas sua projeção ante a divulgada em junho, diante da forte demanda da China. A Abiove ainda reduziu a previsão de estoques finais de soja do país neste ano em 1 milhão de toneladas, para 4,16 milhões de toneladas, após alta na expectativa de exportação. Mas o economista-chefe da Abiove, Daniel Amaral, comentou que esses números de estoques poderiam subir mais, caso o governo decida não retomar o patamar de mistura de biodiesel no diesel para 13% (B13), nível este que foi reduzido para B10 nos últimos dois certames por conta de uma escalada de preços. “A China está demandando mais produto”, afirmou Amaral à Reuters, ao explicar a revisão nos embarques do país, maior produtor e exportador da oleaginosa, após as vendas externas no primeiro semestre terem superado 60 milhões de toneladas. Caso a nova estimativa se confirme, a exportação de soja brasileira superaria em 4,5% a registrada em 2020 e apagaria o recorde anterior de 2018 (83,25 milhões de toneladas), segundo a Abiove. Ele comentou ainda que, no que diz respeito ao processamento de soja no Brasil, a associação optou por não mexer no esmagamento, acreditando que o governo deverá retomar o B13 nos próximos leilões deste ano. “Optamos por manter porque temos expectativa positiva de que o governo vai retomar o B13. Caso haja algo diferente disso, aí vamos revisar esses números, por ora tem que aguardar”, comentou. “Se mantiver o B10, é muito provável que façamos redução do esmagamento em função da queda da demanda por óleo”, acrescentou. Mais de 70% do biodiesel do Brasil é feito a partir de óleo de soja. A associação espera até sexta-feira (9) uma posição do governo sobre como ficará a mistura, que foi reduzida provisoriamente em função de preços altos no primeiro semestre. “Dado que houve redução nos preços das matérias-primas, achamos que todas as condições para retomar o B13 estão dadas.” Segundo ele, havia expectativa de que o óleo de soja encontraria mercado no exterior após a redução do biodiesel, mas essa projeção não se confirmou totalmente. A redução provisória para o B10 diminuiu o processamento em cerca de 500 mil toneladas. “Se tiver B10 até o final do ano, o esmagamento pode cair mais 800 mil toneladas”, completou. Ele disse não saber se a soja não esmagada em função de uma eventual manutenção do B10 iria para exportação, indicando que isso poderia ocorrer se os estoques finais projetados estivessem baixos, o que não é o caso. Se o volume de soja não processada por conta de uma manutenção do patamar mais baixo da mistura for para estoques, isso daria um sinal negativo para a produção agrícola, disse Amaral, lembrando que a área plantada tem crescido para atender a exportação e também a demanda por farelo de soja da indústria de carnes. “A agricultura tem investido contando com o esmagamento, isso seria muito ruim, está previsto em lei (o aumento da mistura)”, afirmou ele, ressaltando que o mercado precisa de previsibilidade. FONTE: BRASIL AGRO

(Amanda Guedes/Sou Agro)