ESPECIAIS
Ninho artificial é adotado por casal de Tuiuiús
Um dos cartões postais do Pantanal, localizado às margens da BR-262, no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul, pode se tornar um monumento vivo ao ser adotado pelo casal de tuiuiús que anualmente se reproduzia no ninho original, que foi totalmente destruído pelas queimadas ocorridas em 2020. O casal de tuiuiús voltou a encantar quem passa pelo local, e têm sido visto já trazendo material para o novo ninho, como galhos e fibras vegetais mais finas. O ninho artificial foi construído para oferecer uma alternativa ao casal dessas aves símbolo do Pantanal, já que o ninho era um referencial turístico muito apreciado, que era tombado por lei do municipal. O fogo destruiu, além do ninho original, a estrutura de galhos que davam suporte a ele na piúva (nome pantaneiro do ipê) que ainda se mantém ao lado.
O ninho artificial vinha sendo monitorado desde a sua construção, em 23 de outubro de 2020. Em janeiro de 2021, os tuiuiús foram vistos nas proximidades do ninho artificial e até pousados na árvore do antigo ninho. Já em 16 de maio deste ano, houve o primeiro registro do casal pousado no ninho artificial. Além disso, Walfrido Tomás, pesquisador da Embrapa Pantanal idealizador do projeto do ninho artificial, registrou o fato dos tuiuiús estarem trazendo material para o ninho, numa clara indicação que estão preparando o local para procriação. Isso confirma a adoção do novo ninho pelo casal, confirmando a esperança dos pesquisadores.
[caption id="attachment_2869" align="alignnone" width="300"] Animais têm sido vistos já trazendo material para o novo ninho, como galhos e fibras vegetais mais finas - Photo: Walfrido Tomás[/caption]
Construção do novo ninho
Walfrido conta que, durante o trabalho de levantamento de animais mortos pelas queimadas, realizado no ano passado, ele observou diversas vezes tuiuiús pousados em árvores próximas ao ninho que foi queimado cerca de um mês antes, e então teve a ideia de instalar uma estrutura alternativa para a um novo ninho. “Assim os tuiuiús poderiam retornar, pois essas aves são fiéis ao local de nidificação", detalhou Walfrido.
A proposta foi apresentada à Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, que prontamente adotou a ideia, e estabeleceu uma parceria com a Energisa para a instalação de uma estrutura próxima ao local do ninho original. O Instituto Arara Azul foi também convidado a assinar o projeto, já que tem experiência com ninhos artificiais para araras azuis, na forma de caixas-ninho. Segundo o pesquisador, essa é a primeira experiência de ninho artificial com espécie: “Me inspirei nos ninhos artificiais de cegonhas, comuns na Europa, já que o tuiuiú pertence à mesma família destas aves, sendo tecnicamente uma cegonha”.
[caption id="attachment_2870" align="alignnone" width="300"] Construção do ninho artificial em outubro de 2020 - Photo: Walfrido Tomás[/caption]
O ninho construído possui estrutura que consiste de um poste de concreto de 12 metros, com uma plataforma hexagonal de metal de 2m de diâmetro no topo, em formato de taça, de forma a comportar o volumoso material que os tuiuiús utilizam na construção de ninhos. “A estrutura foi adaptada e melhorada pelos técnicos da Energisa, utilizando material disponível, que são utilizados na construção de torres de redes de energia. Sobre a plataforma, depositamos galhos e material fino para representar um ninho, na esperança de que o local fosse reconhecido pelos tuiuiús e utilizados como base para construção do novo ninho”, explica Walfrido.
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