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Estiagem resulta em perdas severas nas lavouras gaúchas

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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A estiagem para o desenvolvimento e o bom desempenho das atividades agrícolas compromete a contribuição do setor primário ao PIB gaúcho. À frente dos dados de natureza econômica, há o fato de que já são mais de oito mil localidades e mais de 207 mil propriedades atingidas pelos efeitos da estiagem no Estado, além de cerca de 10,5 mil famílias com dificuldades ao acesso à água.

A estiagem provoca perdas nas mais diversas atividades agropecuárias: até a presente data, foram atingidos os cultivos de cerca de 115 mil produtores de grãos (soja, milho e feijão) e aproximadamente 23,5 mil produtores de leite.

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Número de produtores por atividade atingidos pela estiagem no Rio Grande do Sul.

Os dados foram obtidos a partir de informações dos extensionistas rurais das 12 regiões administrativas da Emater/RS-Ascar, em diferentes unidades operativas institucionais. Os dados quantitativos são obtidos nos sistemas da Instituição: a distribuição das perdas em cultivos de grãos, com periodicidade quinzenal; dados de Proagro, a partir de acumulados diários; os demais números são obtidos a partir de dados sistematizados semanalmente nas diferentes unidades operacionais.

 

MILHO GRÃO

Na última safra, a produção de milho no Brasil alcançou mais de 86 milhões de toneladas, com um volume maior de produção em segunda safra em relação à primeira safra de milho. O Rio Grande do Sul é o sexto maior produtor de milho grão do Brasil; na safra 2021- 2022, a área semeada no RS chegou a mais de 830 mil hectares. A estimativa de perdas em função do evento adverso pode ser considerada severa no cultivo, no entanto, apresentando variação nas regiões administrativas da Emater/RSAscar. As lavouras das regiões administrativas de Erechim, Frederico Westphalen, Ijuí, Passo Fundo, Santa Rosa e Soledade sofreram os maiores impactos da estiagem no cultivo de milho, com perdas que podem chegar a 60% da produção inicialmente estimada.

 

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                                                                  Impacto da estiagem sobre a produção da cultura do milho no Rio Grande do Sul.

 

MILHO SILAGEM

A condição de déficit hídrico também comprometeu a produtividade e a qualidade do cultivo de milho destinado à confecção de silagem, cuja estimativa de perdas varia de 12,1% na regional de Porto Alegre até 65% na regional de Ijuí.

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                                                      Impacto da estiagem sobre a produção na cultura do milho silagem no Rio Grande do Sul.

 

SOJA

Nesta safra, esperava-se implantar em torno de 6,3 milhões de hectares de soja no Rio Grande do Sul, com estimativa inicial de produção de cerca de 20 milhões de toneladas de grãos. Entretanto, com a falta de umidade no solo, as lavouras implantadas no início do período recomendado apresentam crescimento menor, fechamento parcial das entrelinhas e abortamento de flores e de legumes. Ainda, salienta-se que até a presente data, 94% da área total de soja foi semeada; assim, o impacto da estiagem pode se refletir na não semeadura da área remanescente, dependendo das condições climáticas futuras, além de um inevitável replantio em áreas já cultivadas. Os impactos da estiagem sobre a produção de soja variam de 3% a 26,5% nas diferentes regionais da Emater/RS-Ascar

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Impacto da estiagem sobre a produção da cultura da soja no Rio Grande do Sul.

 

FEIJÃO 1ª SAFRA

A produção de feijão no Estado é desenvolvida principalmente na pequena propriedade familiar, e o grão é cultivado em quase todos os municípios do Estado. Para a safra 2021-2022, a estimativa de implantação da cultura é de 34.987 hectares em primeira safra. No cultivo de feijão, a atual situação faz com que as perdas se acentuem nas lavouras já implantas e impedirá a germinação das sementes daquelas a serem implantadas, pela inadequada umidade do solo. As maiores perdas, de mais de 60% da expectativa inicial, estão localizadas nos municípios produtores de feijão da regional de Ijuí.

 

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Impacto da estiagem sobre a produção da cultura do feijão no Rio Grande do Sul.

 

FRUTICULTURA E OLERICULTURA

Assim como nos demais cultivos gaúchos, as perdas pela estiagem atingem também a produção de frutas e olerícolas, conduzidas em diversos sistemas produtivos: tanto a campo como nos cultivos protegidos, e mesmo entre os irrigados, as perdas são expressivas. O levantamento da Emater/RS-Ascar indica redução de 644.423 toneladas na produção de frutas e de 18.980 toneladas na produção de olerícolas. Entre as frutas, as principais perdas incidem nos cultivos de uva, maçã, laranja e melancia; entre as olerícolas, batata, cebola, abóbora e mandioca/aipim. Além das perdas consolidadas, a redução da produção é motivada pela não semeadura de novos cultivos que abasteceriam o mercado.

 

BOVINOCULTURA DE LEITE

A bacia leiteira gaúcha envolve aproximadamente 40 mil propriedades rurais, concentradas nas regionais administrativas da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Lajeado, Passo Fundo, Erechim, Frederico Westphalen, Ijuí e Santa Rosa. A produção diária normal para dezembro e janeiro é de 11,4 milhões de litros, destinados ao processamento em 241 estabelecimentos industriais de pequeno, médio e grande porte.

Ao reduzir a produção de alimentos volumosos (pastagem, feno e silagem) nas propriedades, a estiagem agrava a crise enfrentada pela cadeia láctea no Rio Grande do Sul, rovocada por expressivo aumento nos custos de produção no último ano. O reflexo mais duradouro da estiagem sobre a produção de leite, no entanto, ocorrerá pela menor quantidade de silagem de milho a ser estocada nas propriedades e pelo menor valor nutricional desse alimento, refletindo em maiores gastos para os produtores no decorrer de todo o ano. Atualmente, o impacto da estiagem na produção de leite acarreta na redução de 1,66 milhões de litros por dia.

 

ALIMENTAÇÃO ANIMAL

As pastagens se constituem na base alimentar para o desenvolvimento da bovinocultura, a ovinocultura e a equideocultura no Rio Grande do Sul. A estiagem reduz a disponibilidade de alimentação para os bovinos de corte e de leite, ovinos e equinos mantidos predominantemente sobre os campos nativos e, principalmente, a produção de pastagens cultivadas destinadas ao rebanho leiteiro, sejam elas de ciclo anual (milheto, capim sudão, sorgo forrageiro) ou perene (tífton, jiggs, brachiárias, capim elefante). As perdas na produção de pastagens cultivadas chegam a 58,5% e em pastagens nativas, a 52,8%.

 

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Perdas na produção de pastagens como efeito da estiagem no Rio Grande do Sul.

 

 

COMPROVAÇÃO DE PERDAS

Em função dos impactos da estiagem a Emater/RS-Ascar vem sendo demandada para atendimento de inúmeras solicitações de comprovações de perdas nos cultivos onde incidiram os maiores prejuízos nas culturas de verão até o presente momento. As regiões de maior incidência de comunicados de perdas são as seguintes: Ijuí, Santa Rosa e Frederico Westphalen, além de uma tendência crescente para Erechim e Passo Fundo.

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Evolução das comunicações de perdas no Rio Grande do Sul.

 

A Emater/RS vem acompanhando a situação de agravamento da estiagem nos 497 municípios do RS e o impacto na produção de grãos, fruticultura, olericultura, pecuária de corte e de leite e no abastecimento de água para consumo humano e animal nos estabelecimentos agropecuários. Até a primeira quinzena de dezembro de 2021, os efeitos da estiagem nas atividades agrícolas foram maiores nas regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Ijuí, Frederico Westphalen e Santa Rosa. A partir de então, os efeitos da estiagem avançam nas demais regiões do Estado.

Os dados que foram obtidos a partir de informações dos extensionistas rurais das 12 regiões administrativas, em diferentes unidades operativas institucionais, servem especialmente, como base para tomada de decisão dos gestores públicos na definição de políticas públicas emergenciais para o atendimento das demandas dos produtores afetados pela estiagem.

 

(FONTE: Emater/RS)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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