Café faturamento

Café: Conab estima queda de 25% na safra em 2021

Amanda Guedes
Amanda Guedes
Café faturamento

O país deverá produzir aproximadamente 46,9 milhões de sacas de café beneficiado, de acordo com o 3º Levantamento da Safra 2021 do produto, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira (21). O número representa uma diminuição de 25,7% em relação ao resultado da safra de 2020. A área em produção, por sua vez, é atualmente estimada em 1,8 milhão de hectares, 4,4% menor que a safra anterior.

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O levantamento da Conab ocorreu em um momento em que mais de 95% das áreas plantadas já foram colhidas. O resultado da pesquisa de campo confirma, portanto, uma redução considerável na produção, em comparação à safra anterior, que foi considerada recorde. Além dos efeitos fisiológicos da bienalidade negativa, observados em diversas regiões produtoras neste ciclo, os motivos para a redução também incluem as condições climáticas adversas de seca em muitas localidades e as geadas, que ocorreram em junho e julho. Estes fatores influenciaram tanto para redução do rendimento médio como para a diminuição da área em produção.

A produção de café arábica está estimada em 30,7 milhões de sacas, 36,9% a menos se comparado ao volume produzido na safra anterior. O conilon, por sua vez, deve alcançar uma produção de 16,15 milhões de sacas, o que indica um aumento de 12,8% sobre o resultado obtido em 2020.

Produção regional – O café é uma das culturas que possui a característica da bienalidade. Isso significa que um ano a cultura produz um maior número de frutos, o que exige da planta mais nutrientes. Em decorrência deste fato, no ano seguinte ela recompõe suas estruturas vegetais e reservas, reduzindo sua produção. Por causa da bienalidade negativa, os efeitos fisiológicos nas lavouras ficam mais latentes na fase de produção, especialmente para o café arábica, que é mais sensível a este fenômeno se comparado ao café conilon.

Neste contexto, com relação aos estados produtores, Minas Gerais deverá alcançar 21,4 milhões de sacas, uma redução de 38,1% em comparação a 2020. Já a estimativa de colheita para o Espírito Santo deve ser de pouco mais de 14 milhões de sacas, 11 milhões para conilon e 3 milhões para arábica. Em seguida vem o estado de São Paulo, com produção estimada em 4 milhões de sacas de café arábica. Isso representa uma redução de 35,1%, em comparação à safra anterior, que chegou a pouco mais de 6 milhões de sacas.

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A Bahia deverá produzir quase 3,5 milhões de sacas, 13% a mais que no ano de 2020. Rondônia vai colher quase 2,2 milhões de sacas, um decréscimo de 11,3%. No Paraná, a produção está estimada em quase 873 mil sacas de café. O Rio de Janeiro, por sua vez, tem produção esperada de 236 mil sacas, redução de 36,4%. Em Goiás serão 212 mil sacas, 14,4% a menos do que em 2020. Finalmente, Mato Grosso deverá produzir 194 mil sacas.

Diferentemente dos demais estados, o Mato Grosso representou um aumento de 22,6% em relação à safra anterior. Isso se deve a uma mudança no sistema de produção do estado, que passa por transformações, com o predomínio de novos materiais propagativos e maiores investimentos na cafeicultura estadual.

Foto: José Fernando Ogura/AEN

Mercado –  Após o recorde de 43,9 milhões de sacas de 60 kg na exportação brasileira de café em 2020, os volumes exportados no acumulado dos oito primeiros meses de 2021 atingiram um patamar ainda mais elevado do que o observado em igual período do ano passado. De janeiro a agosto de 2021, o Brasil já exportou cerca de 28,4 milhões de sacas de 60 kg em equivalente de café verde, um aumento de 8,7%. Essas exportações tendem a continuar aquecidas em razão da valorização do café no mercado internacional e da taxa de câmbio elevada no Brasil.

No entanto, há uma limitação na disponibilidade interna em razão da queda da produção de café em 2021. Somado a este fator, há uma grande preocupação com a produção a ser colhida em 2022, em razão da seca prolongada e da ocorrência de geadas neste inverno. O cenário de incerteza quanto à oferta futura deixa muitos produtores retraídos e afastados do mercado, dosando a oferta de seus estoques diante da expectativa de preços mais atrativos no futuro. Além dos problemas climáticos sobre a produção, o patamar elevado das exportações acentua ainda mais a restrição da oferta interna e o aumento dos preços no mercado doméstico.

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Com relação ao aumento dos preços do café arábica, este decorre principalmente da quebra da produção no Brasil em 2021 e da estimativa de crescimento da demanda global no ciclo 2021/22, em razão do avanço do controle da pandemia de Covid-19 em importantes polos consumidores, como Europa e Estados Unidos. Nesse cenário de forte valorização do arábica, a indústria tende a ampliar a demanda pelo café robusta para reduzir o custo na produção dos blends.

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FONTE – CONAB

(Amanda Guedes/Sou Agro)

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