CNA e Cepea lançam indicador de preços do feijão
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), lançou um indicador de preços de feijão.
Os produtores e os interessados vão poder acompanhar diariamente os preços de mercado do feijão preto e carioca no site do Cepea: www.cepea.esalq.usp.br/br/feijao.aspx . O indicador vai trazer a média de preços do grão no Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Oeste da Bahia.
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O evento de lançamento ocorreu na sede da CNA, em Brasília, com a presença do presidente da CNA, João Martins, diretores da entidade, produtores rurais, especialistas, pesquisadores e representantes de entidades setoriais.
Na abertura do encontro, João Martins falou da importância de se olhar com atenção para um produto que está presente diariamente no prato de todos os brasileiros. “A competitividade do mercado aumenta a cada ano, então temos que produzir de uma maneira diferente de como fazíamos no passado. Temos que buscar cada vez mais qualidade e produtividade para podermos avançar”.
Para o vice-presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, José Borghi, a divulgação do indicador é um dia histórico para os agricultores, pois é uma ferramenta essencial de mercado que traz transparência e fornece informações para o bom andamento da atividade.
“A produção de feijão é interessante pelo curto ciclo produtivo, mas precisa de organização, de novas demandas, novos mercados e oportunidades. A cadeia tem muito o que evoluir ainda”, disse Borghi.
Ainda na abertura, o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Feijão do Ministério da Agricultura, Afrânio Migliari, destacou que o indicador é importante para trazer segurança, por meio de dados regionais, e reduzir as especulações de mercado. “O feijão é um alimento da cesta básica e se não produzirmos em quantidade o preço ficará mais caro, então é necessário trabalhar com responsabilidade e qualidade para trazer resultados positivos para o setor”.
O assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, esclareceu que o objetivo da iniciativa é trazer informações confiáveis para mitigar a tensão e a volatilidade do mercado, bem como fomentar a organização setorial e ter cada vez mais transparência na comercialização.
Durante o evento, o pesquisador do Cepea-Esalq/USP, Lucilio Alves, apresentou o indicador de preços e como irá funcionar. De acordo com ele, neste ano foram realizados levantamentos e visitas técnicas nas regiões selecionadas para coletar informações e identificar os agentes envolvidos nas transações regionais de feijões.
“A partir da identificação e cadastro desses agentes, nós passamos a contatá-los diariamente para saber o preço de negócio ou ofertas recebidas. A informação é agregada a nível regional, com valores à vista. Baseado nisso, fazemos o tratamento estatístico e divulgamos o preço médio das negociações em cada região”, explicou.
Segundo Alves, com a divulgação do preço médio ao final de cada dia, os produtores têm condições de ajustar sua estratégia de negociação, inclusive para o dia seguinte, e automaticamente absorver o valor para aceitar ou não uma contra oferta. “O foco é ajustar ou reduzir a assimetria de informações e permitir ajustes de negócios”.
Além da apresentação do indicador, ocorreram palestras sobre os custos de produção da atividade, pesquisa e inovações na produção de feijão e pulses de alta qualidade para o Brasil e o mundo e os cenários para o mercado nacional.
Campo Futuro – O pesquisador do Cepea-Esalq/USP, Renato Ribeiro, apresentou dados dos painéis de custos de produção do projeto Campo Futuro para o feijão e falou sobre o desempenho da atividade nas regiões analisadas. Ele afirmou que o grão é uma ótima oportunidade no portfólio de produção agrícola e é considerado como opção de rotação de cultura em primeira e segunda safras. “Geralmente a atividade paga os custos e tem desembolso (COE) similar ao da soja, porém tem risco elevado de preço, produtividade e qualidade”.
Já o consultor Vlamir Brandalizze destacou o cenário para o mercado nacional de feijão e disse que o mundo tem consumido mais alimentos do que o produzido. “A cadeia do feijão ainda tem muito espaço para crescer, principalmente no mercado internacional. Temos observado uma corrida de compra para abastecer os estoques chineses e isso acaba beneficiando todo o segmento”.
Inovação – Por fim, o pesquisador da Embrapa, Alcido Wander, falou que a entidade atua para beneficiar o setor em várias frentes como bioinsumos, sustentabilidade dos sistemas produtivos e cultivares melhoradas de feijão. “A Embrapa desenvolve diversos ativos de inovação, em diferentes níveis de maturidade, para serem negociados com parceiros privados que possibilitarão transformar nossa produção de feijão”.