Adapar leva à ExpoLondrina ações sobre combate ao greening e gripe aviária
A 62ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, um dos principais eventos agropecuários da América Latina, que começou nesta sexta-feira (05) e segue até 14 de abril, terá programação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Além das atividades realizadas pela defesa agropecuária durante toda a programação, a equipe organizou ações sobre fruticultura e avicultura.
Uma das discussões será sobre prevenção e controle do HLB (Huanglongbing), também conhecido por greening ou amarelinho, onde haverá demonstração do psilídeo Diaphorina citri Kuwayama, vetor da doença, e sobre sua ação nos citros. Também será possível conhecer a Tamarixia radiata, uma vespa parasitóide criada em laboratório, incluindo o do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), para ser inimigo biológico do inseto.
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Eles poderão ser observados em redoma de vidro, e as explicações serão passadas por servidores do órgão de defesa sanitária do Estado na unidade expositiva da Adapar na Smart Farm. Também na ExpoLondrina, o IDR-Paraná vai apresentar o aplicativo IDR-Tamaríxia, pelo qual os produtores de citros poderão acompanhar, por um sistema de localização georreferenciada, o histórico de liberação das vespas.
O greening é atualmente a principal praga mundial dos citros. As ações de combate foram reforçadas desde o ano passado quando a Adapar realizou a Operação BIG Citros, com foco em conscientização, fiscalização e reforço no campo, visto que a atuação precisa ser coletiva, pois o inseto pode transitar por várias propriedades.
Elas continuam a ser realizadas, principalmente nas regiões Noroeste e Norte do Estado, que concentram a maioria dos 159 municípios paranaenses onde a doença já foi detectada. “A guerra começou em agosto de 2023 e não termina”, salientou o gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Rezende Blood Young, durante reunião da Câmara Técnica de Citros nesta quinta-feira (05), em Paranavaí, no Noroeste.
A Câmara reúne representantes dos poderes públicos estadual e municipais, cooperativas, produtores, industriais e empresas de pesquisa agropecuária. Como auxílio no controle, o Paraná decretou situação de emergência fitossanitária em dezembro do ano passado. O decreto possibilita maior mobilidade e ação mais rápida e efetiva.
Ainda não há cura conhecida para o greening. “Para conviver com a doença, há três formas: a eliminação das plantas doentes; o controle eficiente do vetor, um insetozinho que ao se alimentar da planta doente e ir para uma planta sadia transmite a bactéria; e a utilização de mudas sadias”, destacou o coordenador estadual do Programa de Combate às Doenças da Fruticultura, Paulo Marques.
Em vários municípios das regiões mais seriamente afetadas, as prefeituras e proprietários particulares entraram com determinação no processo e estão cortando as plantas. Estima-se que pelo menos 160 mil já foram eliminadas. “É preciso o envolvimento de toda sociedade no entorno dos pomares comerciais porque às vezes uma planta de citro isolada no quintal de uma chácara e que esteja doente, ou a própria murta que é planta ornamental e uma fonte importante da doença, pode prejudicar toda a região produtora”, reforçou Paulo Marques.
Por isso o trabalho é realizado tanto em propriedades rurais e urbanas com frutas para consumo familiar quanto em pomares comerciais. Ao mesmo tempo há um esforço de fiscalização para banir a venda de mudas clandestinas. A comercialização, feita normalmente em carros ou nas calçadas, é proibida no Paraná.
O controle do psilídeo também pode ser feito pelo sistema biológico, com a Tamarixia radiata. Desde 2016 foram lançadas mais de 10 mil vespas no Paraná em áreas marginais às propriedades comerciais. No campo, as Tamarixia buscam os ninhos da Diaphorina citri para se reproduzir. Depositam seus ovos embaixo das ninfas (forma jovem), que servirão de alimento para as larvas. Cada vespinha pode eliminar até 500 psilídeos. Com isso promovem a redução no número dos vetores e da incidência da doença.
O uso desse componente biológico, que é uma alternativa complementar de combate ao greening, também implica em menor aplicação de inseticida.
DOENÇA – O HLB ou greening dos citros é uma praga importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle. O greening afeta seriamente as plantas cítricas provocando queda prematura dos frutos, que resulta em redução da produção e pode levar à morte precoce. Além disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor, diminuindo a qualidade e o valor comercial tanto para consumo in natura como para processamento industrial.
A Flórida, nos Estados Unidos, foi bastante afetada por essa doença com a redução drástica na produção. Em 20 anos a produção caiu de 250 milhões de caixas de 40,8 quilos para aproximadamente 20,5 milhões, que é a previsão para este ano.
No Brasil, a erradicação das plantas doentes sintomáticas só é obrigatória para pomares com menos de oito anos, visto que os insetos-vetores preferem as plantas jovens. Somente em 2023, do total de 214,9 milhões de laranjeiras comerciais no país, 5 milhões sintomáticas tiveram de ser eliminadas devido ao Greening.
VBP – A citricultura é a principal atividade da fruticultura no Paraná, respondendo por 53,7% da área de 55,2 mil hectares com frutas no Estado. Os dados mais recentes do Deral, de 2022, mostram que o Paraná cultivou aproximadamente 29 mil hectares de frutas cítricas.
A laranja é cultivada em 20,8 mil hectares, e Paranavaí responde por 18,7% dos volumes colhidos. A tangerina ocupa 6,9 mil hectares, sendo 57,4% das frutas extraídas de Cerro Azul; já a área destinada ao cultivo de limão no estado é de 1,3 mil hectares, com Altônia recolhendo 67,8% do total. O Valor Bruto da Produção da citricultura, levantado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab, somou em 2022 R$ 826,8 milhões com produção de 842,4 mil toneladas de frutos.
AVICULTURA – Na quinta-feira (11), a Adapar promove na ExpoLondrina o “2º Seminário Mesorregional de Sanidade Agropecuária–Biosseguridade na Avicultura Moderna: ferramentas para sanidade, bem-estar e produtividade” com exposições e debates.
As atividades do seminário contemplam, a partir das 14h30, o debate sobre Influenza Aviária (H5N1) de Alta Patogenicidade (IAAP), com o fiscal de Defesa Agropecuária (FDA) Jeison Solano Spim, com a exposição sobre influenza aviária, promovendo conhecimentos sobre a enfermidade, impactos e como realizar a prevenção da doença.
A exposição também inclui a palestra sobre procedimentos de biosseguridade na prevenção de Salmonela e a Influenza na cadeia avícola, exposta pelo Alceu Kazuo Hirata, médico veterinário da Vetanco, empresa do ramo veterinário.
Os dois palestrantes, no mesmo local, participam de um debate mediado pela professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Ana Angelina, a partir das 16 horas.
ATIVIDADES – Além desta programação, a Adapar estará posicionada em um estande durante todo o evento, em conjunto com o Sistema Estadual de Agricultura (Seagri), para promoção da saúde animal, sanidade vegetal e inocuidade dos alimentos e outros temas. Equipes de fiscais médicos veterinários estarão de plantão realizando processos de acompanhamento e fiscalização de animais. Também está prevista a entrega de certificados do Sistema Unificado de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf/PR) para municípios da região.
O gerente do Escritório Regional de Londrina, Marcelo Matsubara, afirma que as ações desenvolvidas pela Adapar buscam alcançar diversos públicos na exposição. “Queremos a conscientização do público urbano e rural presente no evento acerca dos temas expostos”, afirma.
(Com AEN/PR)