Foto: Faep

Novo curso do Senar vai abordar receitas sem glúten e sem lactose

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
Foto: Faep

Atento ao crescimento do mercado de alimentos sem glúten e sem lactose, o SENAR-PR formatou um novo curso nesta área, que estará no catálogo a partir de 2024. Por enquanto o curso “Produção artesanal de alimentos sem glúten e sem lactose” aconteceu de forma pontual, atendendo à demanda de alguns sindicatos rurais, que identificaram neste tema uma oportunidade para geração de renda dos seus associados.

No começo de outubro, em Rebouças, na região Sudeste, um grupo da Cooperativa Mista de Desenvolvimento da Agricultura Familiar de Rebouças (Comdafar) realizou o treinamento, para ampliar a oferta de produtos, principalmente aqueles destinados à merenda escolar adquiridos por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Segundo a instrutora do SENAR-PR e nutricionista Simone Retzlaff, parte da turma já entrega regularmente alimentos para a merenda escolar, sendo que quatro das alunas possuem cozinha profissional e têm na comercialização da produção uma importante fonte de renda.

“A gente nota uma preocupação das participantes [do curso] em relação à alimentação saudável. Isso é relativamente novo. Antes essa era uma preocupação típica do meio urbano e hoje está no campo. Acredito que seja por conta do aumento no número de casos de pessoas intolerantes e alérgicas a essas substâncias”, observa.

Ao longo de 16 horas divididas em dois dias de curso, as integrantes da Comdafar puderam conhecer as bases teóricas destes tipos de alimento e, depois, colocar em execução receitas de doces e salgados. A turma-piloto de Rebouças colocou, literalmente, a mão na massa para produzir mais de 20 receitas livres de glúten e de lactose.

Mercado e renda
Quando se olha para o mercado consumidor, existe uma visível tendência de aumento no consumo desses alimentos. Segundo relatório da Mordor Intelligence, o segmento brasileiro de alimentos e bebidas sem glúten deverá registrar crescimento anual de 10,7% entre 2023 e 2028. O mesmo se observa em relação aos produtos zero lactose, que devem experimentar alta de 9,41% no mesmo período.

Essa nova tendência que levou Angela Maria Stronda a buscar o curso do SENAR-PR, após uma demanda das escolas municipais por alimentos livres de lactose. “Às vezes, uma criança tem intolerância [à lactose] na turma e precisa de um alimento diferenciado”, explica Angela, que já atua na produção de alimentos e fornece para o Pnae. Com diversos cursos do SENAR-PR no currículo, Angela fechou 2022 com uma receita bruta de R$ 60 mil com a venda de alimentos, principalmente mini-pães e os chineques (pães doces). Agora, com o novo treinamento, a expectativa é aumentar a renda com receitas para pessoas com restrição alimentar. “Eu até pesquisei algumas receitas [sem glúten e sem lactose] na internet. Mas no curso é melhor, pois tenho certeza de que vai dar certo”, sentencia.

Há mais de 15 anos, Dirce Zambão Meira também atua profissionalmente na produção de alimentos, entregando parte para a merenda escolar e o restante vende diretamente, por meio de encomendas ou na lanchonete no pesqueiro da família. “O meu marido é produtor rural e sempre ajudei ele. Mas eu quis uma renda minha, para ter minha independência”, observa Dirce que, no ano passado, acumulou renda bruta de R$ 100 mil com a venda dos alimentos, sendo o pão caseiro o carro-chefe.

Além das receitas, as alunas do curso do SENAR-PR também recebem orientações sobre o espaço de trabalho. Afinal, os alimentos consumidos pelas pessoas portadoras da doença celíaca (condição autoimune causada por uma intolerância severa ao glúten) não podem ter tido contato com outras substâncias. “Nesses casos, é preciso uma cozinha totalmente dedicada à produção de alimentos sem glúten, pois até os resíduos nas formas e panelas podem causar reação”, alerta a instrutora Simone.

Com Faep

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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