Nova Ferroeste promete reduzir custos para produção de proteína animal no PR E SC
Paraná e Santa Catarina lideram tanto a produção, quanto a exportação de carne suína e de frangos e, por isso, o projeto da Nova Ferroeste inclui o ramal que vai conectar Cascavel (PR) a Chapecó (SC). A linha vai agilizar e reduzir custos do trânsito de grãos vindos do Mato Grosso do Sul para alimentar os animais nas propriedades do oeste catarinense e paranaense, com retorno de carne suína e de frango para exportação.
O transporte de insumos e produtos é fundamental para o bom desempenho da indústria de alimentos, essencial para a economia dos três estados abrangidos pela Nova Ferroeste. O tema foi amplamente discutido no Simpósio da Integração Logística do Sul, realizado durante a Feira Mercoagro, realizada em Chapecó.
Proposto pelo Governo do Paraná, o projeto da Nova Ferroeste prevê a ligação por trilhos dos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Com 1.567 km de extensão a nova malha terá um tronco principal de Maracaju (MS) a Paranaguá e dois ramais a partir de Cascavel para Foz do Iguaçu, na Tríplice Fronteira, e para Chapecó, no oeste catarinense.
O ramal de Chapecó terá 263 quilômetros de trilhos que vão passar por 11 municípios do Paraná (Boa Esperança do Iguaçu, Bom Sucesso do Sul, Cascavel, Catanduvas, Dois Vizinhos, Itapejara d’Oeste, Marmeleiro, Renascença, Três Barras do Paraná, Verê, Vitorino) e sete municípios de Santa Catarina (Bom Jesus do Oeste, Campo Erê, Modelo, Pinhalzinho, Saltinho, São Bernardino e Serra Alta). Estão previstos 18 túneis e 31 pontes e viadutos.
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Santa Catarina consome anualmente de 5 milhões a 7 milhões de toneladas de milho e soja produzidos, na sua maioria, no Mato Grosso do Sul, além do Paraná e Paraguai. Somados ao farelo e óleo de soja, estes insumos alimentam os plantéis espalhados nas cidades do Interior. Já o Mato Grosso do Sul planeja expandir a produtividade atual de 4 milhões de hectares plantados para 6 milhões de hectares nos próximos oito anos. Ou seja, a Nova Ferroeste casa oferta e demanda.
Segundo o assessor da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação do governo do MS, Lúcio Lagemann, a ideia é aumentar o fluxo de cargas com destino ao Paraná e Santa Catarina. “Seremos um polo de fornecimento de soja e milho para o Paraná, Santa Catarina e até o Rio Grande do Sul. O que precisamos é de uma estrutura logística eficiente porque são produtos transportados em grande volume e que precisam chegar em tempo hábil”, disse.
Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, os estados precisam unir esforços. “O Paraná tem trabalhado para melhorar a infraestrutura das rodovias, com a nova concessão, e se dedica para ampliação da malha férrea. Com a Nova Ferroeste, vamos reduzir em um quinto o tempo de frete de um contêiner de Cascavel a Paranaguá”, disse.
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LOGÍSTICA
O ramal proposto no projeto entre Cascavel e Chapecó tem o objetivo de transformar a logística atual, exclusivamente realizada pelo modal rodoviário. Ao se conectar ao chamado tronco principal entre Maracaju e Paranaguá, o ramal será um grande corredor de grãos vindos do Mato Grosso do Sul, que vão retornar das indústrias como proteína animal para abastecer o mercado interno e externo.
A agroindústria representou 31% do PIB (Produto Interno Bruto) de Santa Catarina em 2022. A produção e o processamento de carnes (aves e suínos) empregam 60 mil trabalhadores diretos e 480 mil indiretos. A região oeste produz diariamente 500 contêineres de proteína animal.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, Leonir Broch, destacou a necessidade de melhorar as conexões entre empresas instaladas na região, com crescimento anual acima dos dois dígitos. “Chapecó e região constroem frigoríficos desde a fundação até o abate final com as melhores tecnologias do mercado. Nesta feira um dos pontos fundamentais foi reunir os três estados do Sul e o Mato Grosso do Sul para discutir os gargalos logísticos. A falta de infraestrutura adequada desencadeia um custo adicional muito elevado”, afirmou.
“Entendemos que o Sul deve se fortalecer para promover o desenvolvimento integrado dos estados que compõem essa região”, complementou Beto Martins, secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina.
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O coordenador do Plano Ferroviário do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, destacou o ganho de custo na ordem de 30% em relação ao modal rodoviário com a implantação da ferrovia. “Certamente novos mercados vão se abrir para o setor produtivo. Isso vai melhorar a margem e permitir que sejam feitos mais investimentos, gerando novos empregos em todas as regiões por onde a ferrovia passar”, afirmou.
A cooperativa Aurora Alimentos, em operação em Chapecó desde 1969, possui 40 mil funcionários diretos e 65 mil cooperados. Produz linguiças, frios, suínos, frangos, lácteos, pães, vegetais e pescados que abastecem o mercado nacional e são exportados para 80 países. Representantes da cooperativa também estão animados com o projeto.
“A logística interna é hoje um dos nossos grandes entraves. Temos a questão do suprimento de grãos, estimamos que em torno de 5 milhões toneladas de grãos precisam ingressar por ano de outros estados, especialmente do Centro-Oeste e também do Paraguai. A construção de uma ferrovia não pode ficar só no sonho. O projeto da Nova Ferroeste é o caminho mais curto para podermos continuar a ser competitivos”, disse o presidente da cooperativa, Neivor Canton.