Galo de estimação recebe autorização para acompanhar paciente em Hospital do Paraná
O galo Paçoca mexeu com a rotina do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, em Curitiba. O animal pertence à Aymee Sophie, uma garotinha de 12 anos, que mora em Cascavel (PR). A menina tem a síndrome do espectro autismo, e o galo, hoje com dois anos é o seu animal de apoio. São inseparáveis e por conta desta necessidade é que o galo foi parar no Hospital Evangélico.
A mãe da menina, Janete Soares de Almeida aguardava uma cirurgia pelo SUS há 12 anos. Recorreu a Justiça para destravar o processo e conseguiu. A cirurgia foi marcada e aí outros detalhes precisaram ser planejados. A mãe não tinha como se separar da filha, e por sua vez, a Aymee não tinha como ficar longe do galo. Para ajudar neste processo, a família recorreu à Defensoria Púbica do Estado, que atuou para que a liberação da presença do galo no hospital fosse liberada. A ação obteve êxito. A Janete foi internada para o procedimento, e junto com ela, a irmã, a filha e o Paçoca.
O galo virou astro
No Hospital o galo foi muito bem recebido e foi até afamado. O animal quebrou a rotina e atraiu o carinho da equipe de funcionários. Todo mundo quis registrar o inusitado, afinal, não é todos os dias que um galo é “internado” no Hospital Universitário da capital paranaense. Foram muitas selfies. O Paçoca se tornou o galo mais famoso do Paraná. Os enfermeiros ficaram surpresos com a visita.
Paçoca é o fiel amigo da garotinha autista
Cães e gatos como animais de apoio são bem mais comuns. O caso do Galo chama a atenção. O Paçoca passou a fazer parte da vida da menina quando ele ainda era um “bebê”, praticamente um pintainho. O animal se tornou em um parceiro de vida e as saídas de casa ficaram mais fáceis. Com ele por perto, a Aymeé fica menos ansiosa e se sente segura. A mãe temia a não aceitação do galo no momento da cirurgia, mas foi surpreendida positivamente.
“Encontrei nesse hospital o acolhimento surpreendente. Poder estar com a minha filha ao lado, com o Galo Paçoca que traz a tranquilidade e o conforto pra ela, e a minha irmã também comigo, é imensurável”, diz Janete, mãe de Aymee.
Segundo a Assessora Jurídica da Defensoria Pública do Estado, ainda não há regulamentação legal, mas também não há nada que proíba. “A atuação foi nesse sentido. Trata-se de um animal de apoio, que vinha realmente acompanhando a menina. Ela não poderia ficar em Cascavel, na cidade de origem, uma vez que a mãe estaria em Curitiba para a cirurgia”, explicou Simone Maia.
A advogada animalista Evelyne Paludo também destaca detalhes importantes. “Toda a pessoa que tem a necessidade de suporte emocional descrita em laudo psiquiátrico de que existe o vínculo e o suporte para a garantia da saúde psíquica dessa pessoa, ela tem o direito de ingressar com esse animal em diversos locais, até mesmo no transporte público”.
Conscientização e ajuda
Janete, mãe de Aymee, se tornou uma referência nas lutas pelas políticas públicas voltadas a pessoas com autismo. “Desejo uma grande evolução de conceitos, de sensibilidade e de implementação de medidas para que autistas e suas famílias tenham cada vez mais acessibilidade. É uma questão de dignidade”, pontua.