No Oeste do PR, mulher do agro é exemplo em ações voltadas à inclusão no meio rural
“A vida é um eterno aprendizado, sem limite. Todo dia podemos aprender um pouco mais”. Dessa forma a proprietária rural de Cascavel, na região Oeste do Paraná, Ida Maria Dolla, de 69 anos, resume a sua participação no 3º Encontro Estadual de Líderes Rurais – Cultivando Conexões, realizado em junho, em Toledo. “A informação é a alma do negócio”, completa a associada do Sindicato Rural de Cascavel.
Naquele dia, Ida buscava mais conhecimento nas palestras e dinâmicas da programação do evento. Tanta sede por informação tem explicação. “Até hoje eu trabalhei para todos, agora eu quero trabalhar para mim”, revela a proprietária rural, que tem sua trajetória pessoal marcada pela dedicação a uma causa nobre: a acessibilidade. “Aos quatro anos, fui vítima da poliomielite. Então senti na pele as privações que sofrem as pessoas com dificuldade de locomoção”, revela, mostrando as sequelas no pé que limitam um pouco suas caminhadas.
Para lutar por políticas públicas mais inclusivas, Ida atuou na Prefeitura de Cascavel, onde passou por diversos órgãos. Na Secretaria Municipal do Esporte, participou do desenvolvimento de um programa de inclusão de pessoas com deficiência nas práticas esportivas. Na Secretaria de Indústria e Comércio, deu importância para formações na área do artesanato, atividade com apelo social. Nessa jornada, foi eleita, por três vezes, delegada Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, encampando as pautas relevantes para proteger os interesses desse grupo.
“Sempre busquei trabalhar com respeito e compromisso. As políticas públicas são construídas pelo povo e para o povo”, declara. “As leis são criadas conforme as necessidades. Essas necessidades são comprovadas por quem vive aquela realidade. Individualmente, a pessoa não consegue. Por isso é preciso se associar, é preciso ser do coletivo”, destaca.
No meio rural, como uma das suas primeiras ocupações profissionais, Ida ocupou o cargo de educadora sindical no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cascavel. “Fazia palestra nas comunidades de produtores, falando sobre planejamento familiar”, recorda.
Esse contato com o campo ocorreu quando Ida se aposentou da Prefeitura de Cascavel e passou a se dedicar ao seu patrimônio: a propriedade deixada pelo pai, que precisava ser regularizada. Para cumprir esse processo, ela buscou auxílio no sindicato rural local, do qual passou a ser associada. “Estava mexendo com o CAR [Cadastro Ambiental Rural] e fui em busca de informação. Vi que precisava me conectar”, conta a aposentada, que regularizou a propriedade, hoje arrendada. A busca por conhecimento continua. Em abril, Ida fez o curso de jardinagem, do SENAR-PR, organizado pelo sindicato rural. “Essa troca de conhecimentos é vital”, completa.
(Com Faep)