Pesquisadores debatem perspectivas da meliponicultura no Brasil
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) recebeu, na terça (18), o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Cristiano Menezes para falar sobre as perspectivas da meliponicultura (produção de abelhas sem ferrão) no Brasil.
O assessor técnico da Diretoria de Educação Profissional e Promoção Social do Senar, Vilton Jr., conduziu o debate.
“O setor de meliponicultura é um segmento pujante no País que tem despertado o interesse do público. Por isso, o Senar tem produzido diversos conteúdos, cursos, capacitações e levando mais tecnologia para o campo”, afirmou Jr.
Cristiano Menezes explicou que a atividade não é nova no país, mas houve um crescimento da demanda nos últimos 20 anos.
“Cada abelha produz um tipo de mel diferente. Temos florais, azedos, amargos, levemente salgados. É uma diversidade incrível de aromas e sabores e por isso tem ganhado o gosto dos brasileiros, principalmente de chefs de cozinha para usar em pratos mais requintados e valorizando o produto”.
Segundo o pesquisador, o Brasil tem hoje, conhecidos, 250 tipos de abelhas sem ferrão, sendo 60 deles usados principalmente para produção de mel.
Ele explicou que um dos principais tipos para quem tem interesse comercial é a abelha jataí, porque é de fácil captura, resistente e ambientada em regiões urbanas, por exemplo.
“A jataí tem um mel supervalorizado, valendo até 10 vezes mais do que o das abelhas africanizadas e é um mel conhecido pelas pessoas. Tem um apelo na cultura popular por ser medicinal e tem escoamento fácil porque as pessoas já estão sensibilizadas sobre sua qualidade e importância”.
Porém, o pesquisador ressalta que um contraponto à criação da jataí é a baixa produção por ano, que gira em torno de 300 a 500 ml. “No entanto, esse baixo valor é compensado pelo alto valor agregado do mel. Uma espécie que produz mais é a tiúba do Maranhão, que produz em média quatro litros por ano ou mais,” ressaltou.
Novos mercados – Cristiano Menezes explicou que, além da produção do mel, pólen e cera, têm surgido novos mercados para a cadeia da meliponicultura como o mercado pet e a polinização agrícola.
“Muitas pessoas estão interessadas em criar abelhas como animais de estimação ou para contribuir com a conservação das abelhas e produzir o próprio mel”.
Em relação à polinização agrícola, Menezes destaca que hoje já existem em torno de 40 culturas agrícolas beneficiadas pelas abelhas sem ferrão, como o morango, café e açaí.
“É interessante para o produtor manter áreas de mata próximas da plantação que vão oferecer polinizadores naturais para sua cultura e de graça. No açaí, por exemplo, temos casos de 400% de incremento na produtividade com as abelhas. Isso é só o começo, a polinização agrícola no Brasil ainda vai crescer bastante.”
Vilton Jr. afirmou que esses novos mercados vão trazer possibilidades de incrementar a renda do produtor de forma sustentável. Ele citou algumas ações do Senar para capacitar os produtores como o curso a distância ‘Captura de Abelhas Sem Ferrão’ e o Tour 360º da Apicultura.
“Tivemos um recorde de acesso e matrículas no curso a distância com mais de cinco mil matrículas e 3,5 mil concluintes. É um curso de curta duração, interativo, que trata da etapa inicial com diversos pontos importantes para quem deseja criar as abelhas.”
Para saber mais sobre o curso, acesso o portal da EaD Senar: https://ead.senar.org.br/
(Com CNABRASIL)