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Equipamento vai ajudar produtores a monitorar praga que afeta o algodão

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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Está em fase de finalização um equipamento que vai auxiliar o produtor no monitoramento do bicudo do algodoeiro, considerada a principal praga da cultura. A inovação desenvolvida pela startup LiveFarm, em parceria com a Embrapa, realiza a contagem automática dos insetos em tempo real, otimizando tempo e recursos com o monitoramento, além de reduzir o números de pulverizações.

Em levantamento recente realizado com cerca de 60 cotonicultores do Cerrado verificou-se que o bicudo é a praga que exige o maior número de pulverizações, variando entre 18 e 22 aplicações por safra, nas últimas sete safras. Os prejuízos causados pela praga podem ultrapassar o valor de mil reais por hectare, o que equivale a cerca de 10% do custo total de produção.

 

“A tecnologia vai aperfeiçoar a estratégia de controle e a aplicação de inseticidas, com reduções potenciais de 30% a 50%,” prevê o sócio fundador da LiveFarm, Joélcio Carvalho.

 

Bicudo é a praga que mais demanda pulverizações da cultura do algodão no bioma Cerrado.

 

O equipamento consiste em um sensor que é acoplado às armadilhas convencionais de feromônio e envia os dados para um aplicativo, facilitando a tomada de decisão do produtor quanto ao manejo da praga. “Ao passar pelo inseto, a inteligência artificial faz a identificação e envia as contagens para a nuvem. O sistema se diferencia pelo método de contagem e pelo fato de funcionar sem a necessidade de sinal telefônico ou de internet de satélite, sendo possível adaptar a qualquer ambiente”, explica Carvalho.

 

Para José Ednilson Miranda, pesquisador da Embrapa Algodão que trabalhou no aperfeiçoamento da armadilha com sensoriamento remoto, o equipamento é uma tecnologia disruptiva, que se insere no novo cenário de agricultura digital em que as fazendas se modernizaram e utilizam cada vez mais ferramentas de inteligência artificial para condução das lavouras. “O algodão é produzido em áreas muito extensas e a tecnologia dispensa a necessidade de ficar fazendo visitas. Além disso, as visitas podem ser feitas em um momento em que o inseto não vai estar presente. Enquanto a armadilha estará no campo constantemente, fornecendo informações assim que o inseto chegar”, observa.

Outra vantagem do sistema em relação ao método de monitoramento atual é que ele facilita o controle localizado e precoce das pragas, reduzindo de uma semana, para menos de uma hora a confirmação da presença da praga no campo.

“Normalmente as pragas começam em uma determinada área e depois se dispersam. Na medida em que você consegue detectar essa colonização inicial, você consegue controlar precocemente a população da praga, sem gastar mais tendo que pulverizar a área toda e sem ter nenhum prejuízo decorrente do ataque”, detalha o pesquisador.

 

Outra aplicação para o uso dessas armadilhas é aproveitar a coleta de dados para a tomada de decisões de controle localizado através de drones agrícolas. “Hoje nós já temos drones de pulverização de 10, 20 e 30 litros de capacidade que vão ser ótimos para fazer esse controle localizado. Isso também pode ser automatizado de maneira que um único operador pode resolver esse problema de maneira tempestiva antes que a praga se alastre na lavoura”, vislumbra Miranda.

O desenvolvimento do sistema teve início em meados de 2018, com o processo de patente. O protótipo do equipamento foi sendo aperfeiçoado em parceria com a Embrapa, Instituto Matogrossense do Algodão (IMAmt) e outras instituições ligadas ao setor produtivo.

 

Monitoramento com armadilhas

No Brasil, as armadilhas com feromônios são amplamente utilizadas em programas de monitoramento populacional do bicudo e controle do inseto. Quando empregadas corretamente, minimizam o uso desnecessário de inseticidas, trazendo benefícios econômicos e ambientais ao agricultor e à sociedade.

O pesquisador Cherre Bezerra da Silva, da Embrapa, explica que, para obter o índice populacional de bicudo presente na área a ser cultivada, as armadilhas devem ser instaladas e mantidas ao longo de todo o perímetro da área em intervalos entre 150 e 300 metros entre si e devem ser inspecionadas semanalmente por um período de nove semanas antes da semeadura da nova lavoura de algodão.

“As capturas dão ideia da intensidade de infestação de bicudos; posteriormente, os dados de captura auxiliarão na definição do número de pulverizações de inseticidas que serão feitas no início do florescimento da nova lavoura, momento em que os insetos migram do refúgio para a área plantada com o algodoeiro,” conta.

(Débora Damasceno/Sou Agro com Embrapa)

(Foto: Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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