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Pecuária desembolsa 70% a mais pelo feno; entenda

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela
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#souagro | O sonho de criança se transformou em realidade na vida de José Roberto Aoki Figueiredo, da ZA Equines Services. Desde pequeno, carregava o desejo de trabalhar com o manejo de animais e isso se concretizou há 17 anos. Formado em Medicina Veterinária há 7 anos pelo Centro Universitário FAG, ele responde atualmente pelos cuidados médicos e nutricionais de 50 equinos no Parque de Exposições Celso Garcia Cid, onde é sediada a Expovel, em Cascavel, no oeste do Paraná. Do total de cavalos sob os cuidados de Zé Aoki, como é mais conhecido, 90% são da raça quarto de milha e 10% crioulo.

O consumo de feno é considerável. Todos os dias, os animais se alimentam de ao menos 350 quilos de matéria seca. No caso do pré secado, esse volume sobe para 445 quilos. “Cuidar dos animais sempre foi uma paixão”, comenta.

 

Confira a entrevista com o médico veterinário José Roberto Aoki Figueiredo:

 

Seguindo a tendência de alta de insumos na agricultura e na pecuária, o custo do feno vem sofrendo seguidos aumentos de um ano para cá. “De R$ 0,60 o quilo hoje o mais barato sai por R$ 1 e há casos de custar até R$ 2 o quilo”, descreve o médico veterinário, estimando um acréscimo nos preços de 70% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Historicamente, o feno sempre aumentou o valor no inverno e voltou aos patamares anteriores com a entrada do verão, mas nesse ano, o cenário indica a manutenção dos preços mesmo após o fim do inverno.

 

 

Entre os motivos, ele cita o crescimento da população de equinos e bovinos na região, escassez de pasto por conta da severa seca levando muitos criadores a optar pelo feno. Esse impacto também é sentido na qualidade do feno disponibilizado no mercado. “A estiagem prejudica muito o valor nutricional do feno, porém, alguns produtores contam com o pasto irrigado e adubado, mas a chuva é primordial”.

Esse aumento meteórico do valor do feno também é atribuído a outros fatores indiretos, como o aumento do óleo diesel, utilizado nos tratores para o manejo do feno nas propriedades e da matéria-prima necessária para enfardar ou fazer o feno de bola. Outro aspecto é a mão de obra de manejo hoje bastante escassa. A oscilação cambial é outro fator preponderante nessa nova realidade de preços observada no setor.

Com a falta do milho para silagem, bastante prejudicado pela seca neste primeiro semestre do ano, o produtor recorreu ao feno, fazendo vale a lei da oferta e procura e com isso, pressionando os preços para cima.

O Paraná é considerado um dos maiores produtores de feno do Brasil, com produção e aproximada de 300 mil toneladas ao ano, o bastante para atender nove estados. No inverno, não há pasto suficiente para alimentar os rebanhos, tornando o feno a alternativa mais viável para suprir tanto o gado de corte e leiteiro como cavalos e outros animais.

 

Milho para silagem

Para o engenheiro agrônomo Luiz Roberto Faganello, do IDR-Paraná em Toledo e especialista nas áreas de cultivo e inverno de pastagens de inverno e verão, o principal impacto gerado dessa alta é a estiagem. “Sem o milho para a silagem, o produtor se viu obrigado a recorrer mais cedo para o feno e ao pré secado”. A alta do diesel também fez o produto custar mais caro. “O trator é usado em praticamente tudo nesta atividade. Para o corte, para revirar o feno em determinado momento, transporte na propriedade. Isso faz a hora/máquina subir de preço”. O preço do fertilizante é outro ponto secundário que acabou influenciando.

Ele lembra que há dois anos, o preço do quilo do feno girava em torno de R$ 0,50 a R$ 0,70. “Hoje, já tem gente falando em vender por até R$ 1,30 o quilo. Isso que nem começou o inverno ainda, em contrapartida, a especulação sobre os preços já”.

 

Luiz Faganello, do IDR-Paraná em Toledo
Luiz Faganello, do IDR-Paraná

 

O profissional do IDR-Paraná comenta que o feno não deveria subir mais do que o valor atual, principalmente pelo fato de haver muito milho agora disponível. “Somente uma geada precoce pode comprometer a produtividade do milho”. A expectativa gira em torno da normalidade da chuva.

“Se chover e não der geada precoce, antes de junho, teremos muito milho para pastagem. Neste caso, não há motivo para o feno subir ainda mais, baixando pelo menos um pouco, na casa dos R$ 0,80”, acredita Faganello.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

Fotos Vandré Dubiela e Divulgação

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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