Milho já contabiliza perda histórica no Paraná  

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

 

A conjunção de fenômenos como estiagem em momentos cruciais de algumas das principais culturas agrícolas paranaenses, as fortes geadas ocorridas no final de junho e meados de julho e a agressividade de algumas pragas levaram à redução na estimativa da safra de grãos 2020/21.

Em comparação com a estimativa inicial de se produzir 14,6 milhões de toneladas, já se tem como certa a perda de 8,5 milhões, o que representa 58% da produção. “Em termos de volume, é o maior da história do Paraná, e pode ser também o maior em termos percentuais”, disse o analista do Deral, Edmar Gervásio.

Segundo ele, esse volume equivale à perda de três primeiras safras de milho no Paraná, que tem produção normal em torno de 3 milhões de toneladas. Com menos produção, o preço ao produtor está superando R$ 90 a saca neste mês, o que aumenta os custos para empresas de frango e suíno.

Além disso, a importação de milho da Argentina começa a crescer. “Não é algo comum”, comentou Gervásio. Por ter sido plantada mais tarde, a cultura enfrentou seca, o que foi fundamental para os prejuízos. As geadas desta semana ainda não foram contabilizadas, o que pode reduzir ainda mais as expectativas. “Para o milho, a tempestade foi perfeita, com estiagem, geada e a praga do enfezamento em uma única safra e em intensidade grande”, disse.

O relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Departamento de Economia Rural, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, aponta que serão produzidas 34,4 milhões de toneladas em 10,4 milhões de hectares. O volume é 16% menor que os 41,2 milhões de toneladas de 2019/20, ainda que a área seja 4% maior.

“É um quadro bastante complicado, mas realista. Como era de se esperar, reposicionamos fortemente para baixo a nossa estimativa global”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Isso decorre, particularmente, da perda substancial no milho safrinha e no feijão de segunda safra.

“Fazemos agricultura como atividade biológica a céu aberto, sem muita proteção e este ano, particularmente, agravado pelo fato de termos plantado a safrinha de milho fora do melhor prazo recomendado pela ciência, pela pesquisa e pelo zoneamento agrícola”, disse. “Mas nos próximos 40 dias vamos iniciar a semeadura da safra de primavera/verão 2021/22 tentando refazer a vida, a renda, enfim refazer as possibilidades de obter recursos através da produção”.

O chefe do Deral, Salatiel Turra, salientou, sobretudo, a redução verificada na produção de milho em comparação com o previsto inicialmente. “Essa cultura atravessou diversas adversidades climáticas como estiagem, pragas e baixas temperaturas”, afirmou. “Entretanto, apesar desse cenário pessimista temos preços bastante interessantes para os produtores, um aumento em torno de 124% quando comparado com o mesmo período do ano passado”.

A segunda safra do feijão no Paraná teve a colheita finalizada este mês, e 92% já está comercializada. De acordo com o agrônomo Carlos Alberto Salvador, a geada praticamente não comprometeu a cultura. “O problema foi a estiagem”, afirmou. E ela acarretou grande prejuízo.

Os produtores retiraram do solo 282,3 mil toneladas de feijão, o que representa redução de 48% em relação ao previsto inicialmente. A falta de chuva provocou a perda de 257 mil toneladas. “É uma das maiores na história do Paraná”, disse Salvador. De uma média de 30 sacas por hectare, o produtor colheu este ano apenas 18 sacas por hectare.

A produção do café no Paraná continua com a estimativa em torno de 870 mil sacas – 10% a menos que no ano passado, resultado da estiagem e de uma pequena redução na área. Neste momento, já estão colhidos 55% da área, que é um ritmo mais próximo do normal no Estado e não o que aconteceu ano passado quando, neste período, estava em 81%.

 

Fonte: AEN

 

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

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