pinhão

Leite fermentado de pinhão é desenvolvido pela Unioeste 

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti
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Um alimento probiótico à base de leite e farinha de pinhão, fruto do Pinheiro-do-Paraná (Araucária), é um dos projetos de pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), com potencial de transferência para o mercado de alimentos saudáveis, selecionado para participar  da primeira edição do programa estadual de Propriedade Intelectual com foco no Mercado (PRIME),  em parceria com Sebrae, Governo do Paraná, SETI e Fundação Araucária. Com a patente depositada, o novo produto está legalmente autorizado para transferência de tecnologia para o mercado.  Outros sete projetos da Instituição foram classificados ao Prime.

O projeto é coordenado pela professora doutora Luciana Oliveira de Fariña e executado como pesquisa no mestrado em Ciências Farmacêuticas, conduzida pelo farmacêutico e ex-aluno do programa, Alan Lauer. O trabalho é resultado de estudos na linha de pesquisa em “Organismos e substâncias  bioativas com aplicação em saúde”.  A patente é o primeiro passo para que o projeto de Mestrado transfira tecnologia para a indústria e, desse modo, permite que o novo produto chegue em breve à mesa dos consumidores.

A pesquisadora explica que o desenvolvimento de novos produtos alimentícios torna-se cada vez mais desafiador, à medida que procura atender à demanda dos consumidores por produtos saudáveis. “A alimentação de indivíduos com estilo de vida saudável tende a ser, um ato prazeroso e que ao mesmo tempo, visa à saúde e o bem estar”.

Além dos fatores citados, os pesquisadores argumentam que produto tem caráter inovador por unir dois diferentes alimentos, apreciados pela população, principalmente do sul do País, além de abrir caminho para a produção de outros derivados do pinhão, fruto da Araucária, conhecida popularmente como Pinheiro-do-Paraná e “uma das árvores mais amadas no Planeta”.

Ao comemorar a classificação, a professora explicou que o produto consiste em uma bebida láctea acrescida de farinha da semente do pinhão cru, adicionada da bactéria lática conhecida como Lactobacilus acidophillus.  Os pesquisadores destacam  que as bebidas lácteas são produtos com elevado potencial de inovação, principalmente por estarem na grade de produtos saudáveis,  campo largamente explorado pelas indústrias alimentícias.

O produto é indicado para todas as faixas etárias de consumidores, na grade dos itens saudáveis, com aroma, sabor e textura agradáveis ao paladar. “Apresentam em sua composição todas as propriedades nutricionais da semente da Araucária, mais os benefícios já conhecidos das bebidas lácteas, além, da comprovada ação benéfica ao organismo atribuída ao Lactobacillus acidophillus. Este microorganismo é capaz de sobreviver ao sistema digestivo e chegar vivo e em grande quantidade ao intestino, o que ajuda a regular seu funcionamento”, elucida a pesquisadora.

Além desses benefícios, o produto será um aliado à preservação ambiental, já que a Araucária, árvore que produz o pinhão, está ameaçada de extinção. Atualmente, existe incentivo de plantio para perpetuação desse tipo de árvore. “Preservar árvores ameaçadas de extinção, além de ação social, através do estímulo da colheita extrativista por pequenos agricultores da agricultura familiar” também incentivada pelo produto, por meio do estímulo à produção do pinhão, o que contribuiria para a preservação da espécie. “Assim, a ideia básica da união do pinhão com o leite para o desenvolvimento de inúmeros outros produtos nacionais constituirá de um nicho de alimentos inovadores para o mercado” comenta a pesquisadora.

Ideia

A ideia do projeto surgiu quando a pesquisadora fez uma viagem ao interior do Estado em área de cultivares de Araucária. Naquela ocasião, surgiu a hipótese de utilizar o pinhão de uma forma inovadora. “A ideia me fez pensar na elaboração de um produto típico da região sul do País”, frisa Luciana.

Depois do insight, a professora começou a trabalhar cientificamente a hipótese e hoje tem sua patente aprovada. O trabalho de pesquisa durou um ano e meio. “Durante esse tempo, desenvolvemos o produto, realizamos as pesquisas de qualidade do produto e características bromatológicas e sensoriais, além de pesquisa com público consumidor, que aprovou o produto”.

Com a patente, agora a Universidade poderá transferir esta tecnologia ao setor industrial, por meio de parcerias. Só então, o novo produto poderá ser comercializado, já que entra na área de leites fermentados,  iogurtes tipo grego e flans,  dentre outros, podendo assim levar ao surgimento de uma nova gama de produtos diferenciados e tipicamente brasileiros. Esse é o papel do Prime, que tem a meta de permitir transferência de tecnologia e novas parcerias”, reforça Luciana

 

Quem é a pesquisadora

A professora doutora Luciana de Oliveira Farina atua como docente e orientadora do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável da Unioeste Campus de Marechal Cândido Rondon, de natureza interdisciplinar (desde 2013), níveis de Mestrado e Doutorado.

Pela sua contribuição às pesquisas na área, teve status de Bolsista Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão da Fundação Araucária (2013-2015), o que é conferido somente a pesquisadoras com publicações em revistas científicas acima da média nacional, como incentivo à ciência.

Luciana ainda é Técnica em Laticínios (ILCT, 1988), Farmacêutica (UFJF, 1994), Mestrado (1998, UFV) e Doutorado (2003, UFV) em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Também atua como docente do curso de Farmácia no Campus de Cascavel – Unioeste (desde 2002).

Foi professora e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas – Unieoste (desde 2013) do qual foi coordenadora (2015-2019).

Também foi coordenadora Institucional do Programa ALFA III (2012-2015) Universidades Estratégicas para Desenvolvimento Sustentável Regional envolvendo países da América Latina e Comunidade Europeia.

Fonte: Assessoria Unioeste

Foto: Mauro Scharnik / IAP

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

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